"Dogmatismo" político

Enfim, é altura de fazer um pequeno desabafo. Não é que vá mudar o que quer que seja, mas sempre é uma opinião e não há nada melhor para o fígado do que libertar a bílis em excesso. Acompanho os jornais, amparo-me nalguns programas televisivos, leio blogs, poucos, mas, através do facebook, sou capaz de analisar o comportamento de muitas pessoas, as quais são verdadeiros fanáticos, preconceituosos, doentes, conseguindo fazer inveja aos proselitistas religiosos ou aos mafiosos absurdos do futebol e que ombreiam com "notáveis" comentadores políticos da nossa praça. Ponho-me a pensar se não existirá uma estreita relação entre os religiosos, os adeptos enraivecidos de qualquer equipa de futebol, de qualquer não, de duas ou três, porque as outras não passam de adornos, e alguns cidadãos com "veia" para a política. Parece que sim. Os fiéis da religião aceitam-na de forma incondicional, ajudando-os a passar o tempo, a ultrapassar as tragédias ou aceitar as benesses que lhes caiem em cima, como se tudo fosse filho de uma vontade divina. Dogmáticos, sentem-se bem nessa condição, subordinando-se a um poder superior. Desde que não incomodem os outros e que não os discriminem por causa disso, então, nada a opor, por mim não tenho nada a dizer. Aceito-os. Quanto aos "futebolistas", as coisas são mais complicadas, só a equipa deles é que é a melhor, a única que merece ganhar, com faltas ou sem faltas, com trafulhice ou sem trafulhice, o que interessa é ganhar; versão moderna da guerra, onde vale tudo para matar o adversário, onde não há honra, nem regras, o que interessa é liquidar e demonstrar a supremacia, talvez seja por isso que não aceitem os castigos aplicados às suas equipas e exigem, mesmo que não haja razão, aos adversários, um comportamento estuporado.
Alguns dos pretensos comentadores políticos do facebook são eivados de um proselitismo político face a quem governa, a história é sempre a mesma, passa-se para a oposição e começa-se a denunciar, a insultar, a propor medidas, eu sei lá o que mais, a quererem fazer o que não fizeram e que nunca fazem quando andam nas altas governanças. Digo isto sem qualquer constrangimento. Sou um adepto fervoroso das diferentes ideologias, exceto as totalitárias, obviamente, porque constituem um campo fértil para encontrar soluções e definir estratégias. Não tenho qualquer problema em aceitar iniciativas que venham de quadrantes ideológicos que não seja o meu. Tive alguma experiência nesta área. Se uma ideia for boa e provir dos bloquistas, por que não aceitá-la? Se uma solução proposta pelos comunistas for uma mais-valia para todos, então, é de a aceitar. Se os socialistas definirem uma estratégia que seja exequível, e que possa contribuir para o desenvolvimento, o melhor é agarrá-la. Até mesmo a ala mais conservadora pode ser útil ao denunciar a sua não concordância com certas soluções, mesmo que não venham a ser alteradas, pelo menos suscitam discussão, reflexão e, até, pode evitar a tomada de decisões precipitadas. Ou seja, independentemente do quadrante político a que pertencemos, devemos ser politicamente abertos e não defender dogmas ideológicos, tão ao jeito das religiões, ou demonstrar radicalismo futebolístico mais do que patético. No entanto, face ao que leio, ao que ouço e ao que vejo, são poucos os que partilham desta opinião. Muitos cidadãos estão possuídos por um fundamentalismo tipo "religioso" e um aparvalhamento "clubístico", para não falar de algum ódio e desprezo pelos que não são da sua "seita".
Já não sei o que fazer. Cansam-me. Evito lê-los, mas estou sempre a esbarrar com a bílis negra dos outros, seja onde for. Também tenho o direito de despejar a minha. Para quê? Às tantas para nada.
Apetecia-me dizer:- Estou farto! Mas não digo. Vou tentar aguentar mais uns tempos, na esperança de que muitos elementos deste povo possam ter atitudes diferentes, ajudando-se e ajudando os demais.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Fugir

Nossa Senhora da Tosse

Coletânea II