"Amar e ser amado"...

Certas notícias parecem ser escandalosas, mas por vezes até nem são. Li com muita atenção o artigo sobre o bispo argentino, monsenhor Fernando Maria Bargalllo, que foi apanhado num ato de recreio, numa bela praia, acompanhado de uma mulher em biquíni. As posições do par, reveladas pelas fotografias, traduzem uma certa intimidade e calor interessantes. Escândalo! Disseram. O caso já subiu para o Vaticano do qual se espera um castigo proporcional à força divina com que se arvora neste vale de lágrimas, às vezes temperado com algum e breve resquício edénico como foi o presente caso.
Tenho dificuldade em compreender as limitações e as proibições quanto à sexualidade inerente à nossa espécie, impulso fundamental da existência. Até o Livro reproduz uma expressão contra esse entendimento, "crescei e multiplicai-vos". Nunca vi citada alguma exceção. Presumo que não estava no horizonte do "Criador" qualquer apelo à abstinência. Se fosse essa a sua intenção, decerto teria "criado" uma subespécie qualquer com o objetivo de O representar. Mas não, cá em baixo alguns indivíduos criaram essa regra interpretando-a como o máximo de devoção a Deus, enquanto outros consideram-na como uma forma elaborada de evitar a dispersão de um património, talvez o mais avultado neste planeta, pelos descendentes dos "oficiais" da religião, o que levaria a um descalabro económico, e sem um bom suporte económico e financeiro não há instituição que resista. A fé pode ser muito importante, mas o dinheiro não lhe fica atrás, e quando se combinam os dois, então, o sucesso está garantido.
No caso presente, o bispo argentino afirmou ter sido imprudente. Claro que foi. Se tivesse tido um pouco mais de recato, decerto que os paparazzi, às tantas ao serviço do governo argentino, não podemos esquecer que as atividades denunciadoras por parte do bispo têm sido muito incómodas, não teriam tido apetite pelos seus devaneios lúdicos extra diocesanas. Ao ouvir o seu relato, não me foi difícil verificar que estou perante um homem bom, de fé, capaz de ajudar o próximo, mas que não cumpriu regras disparatadas e artificializadas criadas por interesses religiosos que deixam muito a duvidar. Confiaria mais neste homem do que em pretensos e arrogantes "castrados" religiosos que nos querem evangelizar a tudo custo.
Um mundo de faz de conta, com regras hipócritas e atores medíocres a quererem convencer-nos de que são os mais "puros", os melhores, sejam eles vaticanistas, governantes ou jornalistas.
Regra número um para se viver no planeta Terra: amar e ser amado...

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