Pânico


O comportamento dos seres humanos modifica-se muito em grupo, a ponto de serem capazes de gestos brutais e irracionais, nomeadamente em caso de pânico ou de cobardia. Em caso de cobardia conseguem libertar os instintos mais primários escondendo-se ou justificando os seu atos com o efeito de grupo, uma forma de se esconderem estando visíveis. É o que acontece durante algumas manifestações. Vemos alguns celerados a apelar à violência, ao desacato, ao confronto e à destruição como se fossem a solução do que quer que seja. Incapazes, quando a sós, de fazerem o melhor para si e para os outros; cobardes a solo que se transformam em "heróis" em grupo. Este fenómeno é por demais conhecido, e não é só no decurso das manifestações, mas também aquando da formação de quadrilhas em que o bandoleirismo é rei. Nas guerras o fenómeno é ainda mais evidente. Outro efeito de grupo é em caso de pânico. Quando muitas pessoas partilham o mesmo espaço, sobretudo se for fechado, então, qualquer estímulo pode levar a reações inesperadas, de fuga. A "ameaça" à sobrevivência, que frequentemente não existe, um pequeno gesto, ruído ou fenómeno banal pode ser interpretado como mortal, origina comportamentos irracionais que se transmitem a uma velocidade superior à da luz. Fugir é a prioridade, mas na fuga pode haver tragédias, como a que aconteceu em Madrid em que jovens foram esmagadas, durante uma festa em recinto fechado. Horrível? Sim. Pode ter havido muitos fatores para explicar esta tragédia, mais uma a somar a muitas outras, sobrelotação, recintos fechados, portas insuficientes de saída de emergência e falta de profissionalismo dos responsáveis pela vigilância. Mas há outros fatores que são, também, muito importantes, a irracionalidade e a perda de autocontrolo do ser humano em grupo, capazes de gerarem pânico e de o transformar, nalgumas situações, num verdadeiro monstro. Em grupo, os seres humanos são mais suscetíveis a uma rápida interiorização de ideias, e como tendem a agrupar-se mais quando se aproximam os conflitos, então, o resultado final, decorrente da "união faz a força", é fácil de prever.
Em Madrid ocorreu uma tragédia devido ao pânico dentro de um grupo que pretendia divertir-se, mas também houve grupos que se constituíram para destruir, para provocar pânico. Pânico acidental e pânico intencional. O ser humano tem dificuldade em lidar com o pânico, e quando se agrupa corre mais riscos. Andamos a lançar aos campos sementes de pânico, logo, as consequências poderão ser catastróficas. O homem não consegue pensar quando é alvo de um ataque de pânico. E quando não pensa...

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