Dói a noite



Dói a noite. O cansaço lambe os músculos e embrutece os sentidos. O peso da existência faz sentir-se, exuberante, sem pudor, castigando quem lhe faz frente. A inveja é terrível e ofende quem quer acreditar na vida. As palavras voam em círculos, embriagadas de desespero e loucas de alegria. Não sabem para onde ir, e não sabem donde vêm, sabem apenas que sentem e não querem sentir. Palavras doces, tristes, mudas e alegres, que se transformam em palavras sem sentido, vítimas do desejo e filhas do amor. Palavras sem sentido à procura do criador, alguém que ensandeceu numa bela manhã de primavera. É uma loucura viver, mas maior loucura é querer morrer. Onde estão as palavras? Aqui. Onde? Ali. Agarra-as se puder. Não consigo. Não? Não te preocupes, junta-as e verás que elas te dão a solução. A solução? Sim. Não disseste que a noite dói? Disse. Então, resta-te as palavras para  aliviar a dor e dar-te o desejado amor. 
Dói-te a noite? Não! Pois não. São apenas palavras. Palavras sem dor. Palavras de calor e de cor. Cor e calor da vida.

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