"Corrida ao ouro"...


Falta pouco para começar o outono, menos de um mês. Antecipo o sabor das suas magníficas cores, uma estranha tristeza colorida, uma época de adormecimento, do sol, das plantas e das pessoas. Aproxima-se o momento em que morrer não é mais do que partir para um breve sono. A natureza precisa de descansar. Passados alguns meses irá acordar meio estremunhada e cheia de vida. Destruir para criar. Só assim pode vingar a vida e afugentar a morte. 
Antecipo a sua nudez, quando as folhas, amareladas, douradas, rosadas, vermelhas, castanhas, num jogo de múltiplas combinações, belas e sedutoras, que nunca nenhum pintor conseguiu registar até hoje, começam a dançar deixando-se cair aos meus pés numa inebriante provocação que só o outono sabe proporcionar. O sol, ao longe, sente que não pode saborear este quadro, e chora de pena, enviando belas lágrimas douradas que retocam e adoçam o suave adormecimento das árvores. Num último suspiro, as árvores conseguem que as suas folhas se transformem em belas e efémeras joias de ouro. Não tarda e recomeço a minha corrida ao ouro...

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