"Fantasia"...

Preciso de criar espaços de fantasia. Preciso de subir aos montes da vida. Preciso de saborear a tranquilidade de um silêncio que me recorde o absoluto. Preciso de viver uma vida que não existe. Preciso de inventar fantasias de vida. Preciso de encontrar o que nunca encontrei. Preciso de fugir de tudo o que me rodeia e que não me alegra. Preciso de respirar a tristeza pura do espaço pintado de penumbra. Preciso de espaço, preciso de roubar ao tempo pequenas fatias de minutos, minutos que ele não precisa, mas sem os quais não consigo equilibrar-me entre o mundo real e o mundo da minha fantasia. O mundo real até parece que precisa de mim, rouba-me, mas não me cativa, atormenta-me, mas não me recompensa, obriga-me a fugir como se fosse uma criança para o mundo da fantasia e eu fujo assim que posso. Eu sei que o mundo da fantasia existe. Eu sei onde está, em locais simples, onde a paz está à minha espera, onde a beleza se enerva com a minha falta, onde a reconstrução do mundo espera que lhe dê alguns retoques, toscos, simples, mas que são meus, construídos e inventados por mim. Não se queixa e eu encho-me de alegria como uma criança que recebe o presente desejado. Sinto que alguém a meu lado sorri.  Eu também sorrio. Olho e não vejo nada. Construo a minha fantasia ao fim de um dia. Um dia que me quis roubar ao espaço da minha fantasia. Consegui. Aqui estou a viver um doce momento de fantasia e de esperança num melhor dia. Só peço que não me roubem os meus espaços de fantasia. O que seria de mim sem ti, fantasia? Como poderia construir novos mundos e dar vida à vida? Sem ti o mundo real desapareceria e eu não caberia em mais nenhuma outra vida. 

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