Aves...

Os domingos de verão servem para passear, voltar a ver o que já se conhece e prever o futuro deste pobre país. O vazio é uma constante. As localidades estão cada vez mais desertas. Não se veem seres humanos, nem cães, nem gatos, apenas pássaros. Nunca vi tantas aves, de todos os tipos. Esvoaçam, cantam e dançam livremente como querendo testemunhar que não precisam de nós. Curiosa esta mudança de paradigma de vida. 
Passei por velhos locais. Noto um tremendo esforço para manter viva certas zonas. A tristeza aquecida pelo sol foge da alegria que dormita à sombra de velhas árvores que se esqueceram dos humanos. 
O mundo continua a girar, as pessoas a pensar e a decidir nos grandes centros urbanos convencidos de que a natureza as ouve e compreende as suas opiniões e decisões. Pobre gente que se entretém nos jornais, nas televisões e em reuniões como se o mundo fosse delas. Sorrio perante tantos diletantes. Gente pretensiosa que pensa e julga que é séria. Seres incapazes de travar o que quer que seja. Não sabem que as aves vão substituir-nos. Dançam, cantam e divertem-se à espera que desaparecemos.

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