Passeio

A manhã chuvosa, e entremeada de um sol esperançoso, convidou-me para um pequeno passeio. Há manhãs curiosas, quando são despertadas pelo bocejar do tempo. A de hoje obrigou-me a palmilhar ruas e ruelas, a andar no presente ouvindo o passado, a ouvir frases soltas de gente preguiçosa e a ler os pensamentos de pessoas que olhavam para o lado como se estivessem à procura de anjos perdidos.
Gente comum. Gente que corre, que balanceia, que escolhe, que pensa, que anda por andar e que não se cansa de sonhar.
O tempo, por vezes, dilata-se em abraços intemporais. É quando sinto a vida, morna e suave, a querer testemunhar a benevolência e a boa vontade de um tempo que persiste, e que, de vez em quando, deixa de me atormentar, quando larga a sua espada de fogo que tanto gosta de empunhar em riste.
Breve momento em que o tempo deixa de ser triste.

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