Milagre...

É duro ter de ver e ouvir os acontecimentos que nos afligem. Ninguém está preparado. As tragédias são a forma da natureza e dos seres humanos se abraçarem no mais estranho amplexo, dor e morte. Tudo se acasala, mesmo que não consigamos ver ou prever. As causas escapam-se entre os dedos e os medos empertigam-se com violência no meio de todos. Tudo é passível de acontecer, e quando não acontece invoca-se o milagre. A palavra mais estranha e dolorosa que eu conheço. Estranha porque não a entendo, dolorosa porque discrimina sem explicar a razão. Há os que acreditam em milagres. Eu não. Não só não acredito, como abomino qualquer forma de "intervenção" divina que se baseia em critérios que não podem ser escrutinados, dando a entender que existe uma forma de corrupção religiosa. Estranho, associar milagre a corrupção. Sim, é muito estranho, tão estranho como associar morte e dor com as desculpas esfarrapadas que escondem negligência e incompetência. 
Um país eternamente adiado à espera que o tempo faça o que lhe compete, apagar as emoções e os sentimentos de impunidade. 
Uma reflexão de momento. Escondo-a neste local, não com medo de que a leiam, mas por respeito a quem não entende. Sim, há quem não entende ou não quer entender.

Mensagens populares deste blogue

Fugir

Nossa Senhora da Tosse

Coletânea II