Convite
Quando recebi o convite para participar na cerimónia engendrei de imediato um conjunto de medidas de forma a não faltar, inclusive abdicar de projetos já desenhados. Fui de véspera, não fosse o diabo tecê-las. Levantei-me cedo e aprimorei a aparência. O fato, bonito, encantou-me pelo facto de não refilar minimamente às constantes alterações das fronteiras do corpo. Mas também me fez recordar que há momentos solenes que exigem respeito por um protocolo que pode valer o que vale, mas, simbolicamente, é precioso e dá a entender, sem palavras, a importância de um ato. Assisti como um cidadão normal. Recordei o passado, a mesma data, em anos diferentes, e muitos significados associados ao evento. O ritualismo é estranho porque fala em voz alta mesmo quando estamos em silêncio. É possível comunicar uns com os outros e criar um espaço em que cada um, com as suas características e idiossincrasias, pode, e deve, contribuir para a identidade comunitária. Sem essa identidade não há criação de val