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Beleza perfeita

Uma jovem brit â nica foi considerada no ano passado como a mais bela daquela ilha e uma outra foi considerada como a beleza perfeita. Afinal quais s ã o os crit é rios que explicam estas aprecia çõ es? Tudo se baseia numa simetria facial, antes de tudo, em que determinadas propor çõ es s ã o respeitadas, caso da dist â ncia entre as pupilas ser ligeiramente inferior a metade da dist â ncia entre as orelhas e a dist â ncia dos olhos à boca ser superior a um ter ç o da dist â ncia entre a linha de inser çã o do cabelo e o queixo. Enfim, h á de facto um conjunto de propor çõ es suscet í veis de provocar o despertar do sentido est é tico o qual ter á a ver com alguma vantagem evolutiva. As mulheres com estas caracter í sticas atraem mais os homens, o que é uma vantagem, e tamb é m sinalizam menos riscos de anomalias gen é ricas. Estes efeitos de propor çõ es adequadas t ê m sido analisados e seguidos pelos construtores gregos, por muitos escultores e at é por Da Vinci no seu famos

"Não ter medo da bondade"

Ouvir dizer que "não devemos ter medo da bondade" perturbou-me. Uma frase não feita, não encomendada, apenas sentida por quem deve gostar e acredita na vida. A frase perturbou-me e, muito provavelmente, não a irei esquecer. Qual o seu sentido, qual o seu alcance, qual a sua origem? Não importa qual, o que importa é que vai ficar na mente de alguns, na minha vai ficar com toda a certeza. Sempre irá ajudar-me a esconjurar a maldade que abunda por aí. Não esconjura nada, mas não há nada melhor do que acreditar numa esperança vã, dá sentido e significado, ainda que momentaneamente, à vida, enquanto a sentimos ou enquanto ela se faz sentir, tanto faz. Ouvir dizer que "não devemos ter medo da bondade" aleijou-me, porque no momento em que a ouvi estava a ler um pequeno artigo sobre uma das mais horríveis manifestações de um representante da espécie humana, Joseph Mengel, o "Anjo da Morte", um dos poucos demónios que nunca foi capturado e julgado pelos seus a

Bolo de anos

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Faria hoje noventa anos. Morreu três dias após ter completado oitenta e oito anos, depois de um longo processo de sofrimento. Acordei a meio da noite ansioso perante um estranho silêncio. Pressenti que algo se estaria a passar. Entrei no quarto e apercebi-me da realidade, tinha acabado de adormecer no sono mais profundo que a vida pode proporcionar.  A neta mais nova tinha, na altura, pouco mais de dois anos. O que é curioso foi o facto de nunca a ter esquecido. Quis saber para onde tinha ido e tivemos de apontar para uma estrela brilhante dizendo que estava ali. A partir de então procura-a sempre que pode, o pior é quando o céu não está visível. Nessa altura diz que deve estar a dormir.  Vai ser, muito provavelmente, a sua memória mais antiga. Como a avó fazia anos no dia seguinte ao da mãe, quis, desde ontem, saber como é que ela iria fazer a festa, quem é que iria cantar os "parabéns a você", quem é que iria fazer o bolo, como seria o bolo, enfim, uma metralha

Imperfeição

A humanidade viveu desde sempre períodos muito angustiantes, chegando, por vezes, a ser dramáticos, violentos e destruidores. São curtos os momentos de paz, de esperança e de alegria, breves frações de segundos na escala do nosso tempo, mas contrariando tudo e todos, alguns de nós sofrem de um otimismo patológico, digo patológico, porque há doenças que não me importaria de sofrer, e o otimismo é uma delas. O pior é que não sou atingido por esta doença, entretanto outras já marcaram a sua presença.  Gosto de ouvir, de ler e de meditar. Necessito de o fazer, porque há pessoas que me convidam a isso. Há pessoas brilhantes que, embora nunca tenha cruzado com elas, me marcam. Posso não partilhar das suas ideologias, das suas crenças, das suas filosofias, mas, mesmo assim, atraem-me, por vezes mais do que aquelas com quem me identifico. Talvez seja por isso, ver e sentir que posso aprender e crescer com elas. Preciso cada vez mais dessas pessoas. Preciso muito daqueles com quem não consi

Meteoro

Há dias, enquanto esperava pelo comboio, numa manhã bela e inundada de um frio glacial, li a notícia de que um meteorito invadiu o espaço aéreo do planeta para as bandas do norte da Rússia. Um susto que traduz a apreensão de um dia podermos ter um contacto muito mais violento com algum calhau perdido no espaço. Os astrónomos, profissionais e amadores, vasculham incessantemente o cosmos à sua procura, e são unânimes em afirmar que mais tarde ou mais cedo vai cair algo pesadote em cima dos nossos iluminados crânios, a relembrar um outro fenómeno ocorrido há 65 milhões e que provocou o desaparecimento de muitas espécies, entre as quais os famosos dinossauros. Se não fosse esse meteoro, descomandado, ou talvez não, deus pode ter acordado naquele dia mal disposto e para se entreter lembrou-se de andar à pedrada, não teria havido condições para que os pequenos mamíferos tivessem vingado e ocupado o espaço deixado vazio por outras espécies. Claro, em consequência, a espécie humana acabou po

Sociedade sem sentido e sem futuro

Tenho acompanhado de perto as mudanças sociais verificadas nos últimos tempos com graves consequências para a saúde e bem-estar das pessoas. Falta de esperança, ausência de respeito pela dignidade humana, ansiedade permanente, mortificação em crescendo, explosão de vítimas da incúria e de interesses pouco confessáveis por parte de muitas pessoas, e entidades, que veem os cidadãos como mera matéria suscetível de produzir riqueza para si, não para os próprios, aparecimento de cultores de novas formas de escravidão, embrenhados dos mesmos princípios e lógica das sociedades que nos precederam, e que foram combatidas por serem iníquas, é o pão nosso de cada dia. Tudo se repete, sobretudo a miséria e o sofrimento do próximo. Tremo quando leio notícias sobre suicídios de pessoas que, incapazes de sobreviverem na sociedade atual, partem sós ou acompanhados dos entes mais queridos, os filhos. Tremo e sinto náuseas perante tamanho comportamento de desespero, condicionado e promovido por socie

Preconceito ou extremismo...

Viver muito tem mais desvantagens do que benesses. Uma afirmação que contraria a opinião feita de que a idade acarreta mais sabedoria, produz mais-valias, desenvolve mais tolerância, cria mais resistência ao desespero e aumenta a capacidade de adaptação à realidade da existência. Pois, até pode ser isso e tudo mais, mas chateia, ou melhor leva ao cansaço. Ao olhar para certas pessoas sou obrigado a beber bílis destilada em alambiques ordinários. Ao ouvi-las não consigo evitar punhaladas dolorosas em tímpanos perfurados pelo gritar contínuo de vozeiros inconsistentes. Mesmo assim, consigo, quando observo os seus andares, divertir-me com a elegância de alguns e a boçalidade de outros e a preocupar-me com a instabilidade e limitações de outros que, num esforço sobre humano, se ultrapassam a si próprios. Que diferença, a facilidade com que o alarve, de mãos nos bolsos, transporta o buldózer de uma pança arqueada, a toque de um assobio, e o pobre do velho, trôpego de pernas mas louçã de e