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A mostrar mensagens de outubro, 2015

Cores de outono

Não suporto os dias pequenos. O anoitecer entristece-me, embora consiga enganar-me durante uns adoráveis minutos, em que o ouro do outono se projeta nas montanhas longínquas dando a impressão de serem a entrada do paraíso. Cores deslumbrantes que despertam emoções. Amarelos pungentes, vermelhos delicados e azuis envergonhados, conseguem criar a ilusão de ter descoberto a mina de ouro da vida. Deixo-me ir atrás dessas cores vadias até ser despertado pelo negro precoce do dia. Respiro profundamente a saudade perdida. Sinto um ardor misterioso, frio, irrequieto, desejoso de encontrar a fonte de calor. Não a lareira, mas apenas as lembranças que dormem em silêncio nas campas da morte.

Arte

Os dias são cada vez mais intensos e preocupantes. O cansaço instala-se e a indignação contra o braço armado de qualquer governo, a impiedosa e bandoleira finanças, faz o resto. A iniquidade social em toda a sua força. Começo a não ter paciência para suportar a ditadura dos malandros deste país. Ainda há quem se queixe dos "bandidos da Beira" que, no século dezanove, faziam das suas pela minha região. Nada que que se compare com os mascarados  das finanças de hoje. Chiça! É demais. O cansaço físico instala-se com a maior naturalidade, aproveita-se da corrida da idade, enquanto se encosta ao cansaço moral despertado por uma sociedade injusta, fria e corrupta. Decidi não fazer nada neste serão, a não ser ver um pouco do circo político na televisão e descansar para poder resistir a mais um amanhã. De qualquer modo, ainda consegui passar os olhos pelas notícias do dia. Diverti-me com uma, em que a empregada se encarregou de limpar um espaço que considerou ser lixo. Não era! V

Lágrimas de um veleiro...

Imagem
Cheguei cedo. A sala de almoço estava vazia. Cheguei cedo porque tinha saudades da bela e gostosa sopa. Fiz o que tinha a fazer, refugiei-me no aroma que emanava da tina. Tudo se combinava numa delicada atmosfera. O tempo, cinzento e sonolento em demasia para o meio-dia, abriu de par em par as portas do seu quarto. Olhei-o e vi o seu sorriso a querer dizer, "hoje não saio daqui e nem vou atormentar ninguém. Apetece-me sonhar vestido das belas e fantasiosas nuvens que deixei lá fora". Sorriu. O tempo sorriu num dia cinzento, calmo, suave e delicado em que pequenas e esporádicas lágrimas tombavam sobre a planície dos braços do mar. Nada se mexia, nem o tempo que, deitado na sua cama, continuava a sorrir sem se importar com o destino dos seres humanos. Deixei que o efeito do espírito do vinho subisse muito discretamente até às faces, testemunhando o seu apreço pela liberdade sem ser visto pelo tempo. Um efeito adocicado, volátil, a querer misturar-se com as lembranças do pass

Carnes vermelhas e transformadas!

Arrepio-me com a forma como são dadas certas notícias. A última teve a ver com a declaração oficial por parte da OMS de que as carnes processadas são cancerígenas. Como foi a OMS a dizer, logo, a rede de comunicação social, sempre ávida e pronta a reagir a tudo o que é sensacional, fez o que lhe competia. Competia?! Tenho algumas dúvidas. Faz o que lhe apetece, ou seja, "informar", melhor, desencadeia alarmes qual sismo de grau 7,5 da escala de Richter. Uma parvoíce que vende e que atrai as pessoas, os ouvintes ou os leitores. Fico mesmo com a sensação de que julgam ter feito o melhor para defender a "saúde" das populações! Considero esta última observação como a forma mais suave de criticar ou apreciar as suas atividades. Na verdade, tenho de confessar, graças à liberdade de expressão, e aos conhecimentos adquiridos ao longo de muitos decénios de estudo e de investigação, que muitos dos informadores não passam de uns pataratas pretensiosos, mesmo a raiar a cretini

Passeio

A manhã chuvosa, e entremeada de um sol esperançoso, convidou-me para um pequeno passeio. Há manhãs curiosas, quando são despertadas pelo bocejar do tempo. A de hoje obrigou-me a palmilhar ruas e ruelas, a andar no presente ouvindo o passado, a ouvir frases soltas de gente preguiçosa e a ler os pensamentos de pessoas que olhavam para o lado como se estivessem à procura de anjos perdidos. Gente comum. Gente que corre, que balanceia, que escolhe, que pensa, que anda por andar e que não se cansa de sonhar. O tempo, por vezes, dilata-se em abraços intemporais. É quando sinto a vida, morna e suave, a querer testemunhar a benevolência e a boa vontade de um tempo que persiste, e que, de vez em quando, deixa de me atormentar, quando larga a sua espada de fogo que tanto gosta de empunhar em riste. Breve momento em que o tempo deixa de ser triste.

Os deuses estão entre nós!

"Para mim foi um deus que apareceu. Mais do que um anjo". Disse o sem-abrigo que foi resgatado da rua por um jovem cheio de bondade. Fugiu de uma situação ignóbil, da escravatura. Já conseguiu trabalho. Recuperou a liberdade e a dignidade. Uma pequena história que mexe com qualquer um que passe pela vida à procura de compreender certos fenómenos e sempre desejoso de ver finais felizes. Uma fração infinita da bondade humana, que merecia ser multiplicada de forma exponencial para fazer ver a Deus aquilo que não anda a fazer. Não anda e nem nunca andou. A par deste episódio, um outro também me chamou a atenção, entre muitos que têm ocorrido com os refugiados que fogem das guerras para as bandas do médio oriente; uma criança de dezoito meses perdida no meio do Mediterrâneo a ser salva por pescadores turcos que conseguiram reanimá-la. Fazia parte de um grupo de mais crianças que também foram resgatadas. Parece que andavam há cerca de cinco horas perdidas debaixo das barbas de deus

Greve de fome

Tenho acompanhado a greve de fome de um cidadão com dupla nacionalidade, angolana e portuguesa, Luaty Beirão. Reconheço que é um sacrifício difícil de compreender. Deixar de comer e enfrentar o risco de morte por motivos de natureza política? Para quê? Comer é o mais poderoso estímulo que serve a vida, seguido da reprodução. São os dois principais motores da existência. Renunciar à alimentação, como forma de pretexto pela iniquidade e falta de respeito dos que têm o dever de promover e defender os direitos e o bem-estar dos seus semelhantes, é uma das supremas formas de manifestação de amor. Morrer para defender os irmãos. Respeito muito esta decisão, porque permite-me recordar outras situações idênticas que, ao longo da história da humanidade, permitiram demonstrar a mais bela e estranha das solidariedades e contestação contra comportamentos que raiam ou são mesmo criminosos. Gostava de acordar amanhã ou depois e ouvir que Beirão interrompeu a greve. Gostava muito, mas não acredit

Viagem

Surpreende-me o sentido das viagens. São formas de viver o que não somos, talvez sejam imagens fantasiosas do que deveríamos ser. A mente, deserta, espreguiça-se na languidez temporária de discursos que fogem ao trivial, ao dia-a-dia, às coisas que são o habitual, o gastar do tempo da vida. Uma mera ilusão. No fundo, sinto o clamor do banal, aquilo de que é feita verdadeiramente a vida, uma sequência contínua de pequenos dramas, magras alegrias, esperanças vazias e esquecimentos dos tormentos que o futuro, desdentado, sem alma, e sem tolerância, sabe ou deseja oferecer. As viagens, sejam curtas ou não, ajudam-me a compreender, de longe, o significado do regresso, voltar a uma forma de ser e de estar que acaba por cansar.

Abraço esquecido

Tantas nuvens. Parecem diferentes das habituais. Há quem as considere como recém-nascidas. O mar em redor é a sua maternidade. Silenciosa, a planície deixa transpirar um ou outro suspiro trazido pela suave e brilhante ondulação. Se não se mexesse quase que diria que era um espelho onde as nuvens veriam a mãe antes de irem ao encontro do seu destino. Andam aos trambolhões. Começam a ficar mais espessas, enchem-se de recordações. Um dia destes irão lançar as suas saudades contras as janelas onde correm as lágrimas tristes de muitos corações. Nessa altura sentirão desejo de se abraçarem. Ficar-se-ão pelo desejo. As lágrimas do mundo não se misturam com as lágrimas de gente. Aí vão elas, como se fossem aves de arribação. Vão, mas quando voltarem virão de rastos palmilhando o chão da infelicidade. Nessa altura, arrastarão também as lágrimas de gente. Abraço desejado? Não. Abraço esquecido.

O pôr-do-sol

É interessante tentar compreender o que os outros pensam através dos seus escritos ou falas. Mesmo que tente é impossível conhecer a verdadeira dinâmica dos seus pensamentos. Umas vezes julgo que deverão ser tesouros, outras não, parecem ser caixas de falsidades, de disparates, de bondades e, até, de vontades escorregadias construídas ao sabor de regras e princípios que os devem ajudar a posicionar-se neste mundo desequilibrado e a confiar num qualquer deus que nunca falou, ensinou, gritou ou amou. Não sei qual é a vantagem em acreditar nas frias sombras do além. A única que vejo é justificar a compreensão da sua existência e fruir a ajuda dos que sentem o mesmo. Não me interessa se fazem bem ou não. Se se sentem bem, então que continuem. Mas daí a tentar convencer os outros com os mais fantasiosos e disparatados argumentos, então, tenho que dizer não. Assim, não. Não vale. A não ser que interprete as suas "atuações" como sendo formas de poesia. Assim, sim. Pode valer a pena.

Penso

Penso. Apetece-me escrever. Surgem ideias atrás de ideias, algumas simples, outras complexas e uma ou outra capaz de provocar algumas pessoas. Não sei qual escolher. A noite convida-me com os seus sons, próprios da escuridão. Penso. Olho para o lado e vejo muitos livros. Acumulação de anos. Compro-os com sofreguidão, sempre com a esperança de os poder ler. Ler. Uma ternura de sentimentos que não consigo tocar como deve ser. Penso. Tenho tão pouco tempo. O que fazer? Escrever ou ler? Penso. E se passasse a ler mais e a escrever menos? Olho para o lado e vejo lágrimas de saudades de muitas obras que há muito esperam ser acariciadas. Vou, e depois volto. Há tempo para tudo. Vou ver o mundo com outros olhos, com outras experiências e com outras formas de sentir. Vou viajar nos pensamentos de outrem. Preciso de arejar o meu ser através do coração de outros. Eles estão aqui, a meu lado. Tantos, que nem sei por onde começar. Vou. Já volto.

Manhãs de lazer

As manhãs de lazer deviam servir para muita coisa. Sentado, sem querer fazer nada, a não ser observar e escutar o que à minha volta se vai desenrolando, vou sentindo o efeito do tempo. Pequenos gestos, atributos de ocasião, conversas esvaziadas de sentido, fácies a transportar velhas emoções e olhares esquecidos na profundidade das recordações, orbitam em redor de um tempo cheio de malícia que vai corroendo os corpos e apagando as mentes. Uma manhã de lazer serve para muita coisa, sentir o pulsar da vida, dos sentimentos, de almas vazias e de um tempo sem pudor, desejoso em provocar dor. Uma manhã de lazer afinal serve para pouca coisa, olhar para o passado e ignorar o futuro, já que o presente não passa de um breve momento sem sentido.

Manhã de outono

Sinto ainda forças e inspiração para viver mais um dia. A manhã começou calma e sem dor, apenas levemente tocada pela apreensão da noite, revoltada em estranhas misturas de sono e insónia, em que os sonhos se contradizem com o pensar amargo da consciência espicaçada pelo silêncio prometido pelo futuro. O melhor é sentir e saborear os momentos de ilusão de uma manhã suave e limpa do belo outono. Afasto os fantasmas, cumprimento as pessoas, olho para os seus andares e penetro sem ofender nos olhos, quais pinturas desenhadas por almas que pensam, sofrem, desejam, fogem, fingem ou procuram tudo aquilo de que é feito a vida; um curto momento de ilusão em que o amor e a esperança são despejados ou vividos de acordo com a ocasião. Nada melhor do que aproveitar o nascer de uma bela, suave e doce manhã de um dia de outono. Que melhor posso desejar no outono da vida?

Hipocrisia política

A hipocrisia política incomoda muitas pessoas. Uma epidemia de gente desavergonhada grassa por tudo o que é sítio. A obscenidade prevalece sob retóricas pouco convincentes ou mesmo desonestas. Lentamente, as pessoas cansam-se e começam a afastar-se de um mundo sujo que é a política. Muitos querem convencer que são os paladinos da seriedade e portadores da boa-nova para que o povo se afaste da miséria e do desencanto com que foi marcado a fogo à nascença. Há quem se aproveite de qualquer situação, seja ela qual for. Há quem viva à custa do mundo da política, Há quem cresça e se agigante com promessas falsas. Há quem ofenda a dignidade dos crédulos usando a capa de justiceiros ou apresentando-se como defensores dos princípios da dignidade humana. Há gentinha para tudo, sobretudo quando sentem o cheiro do ouro. Têm um olfato apurado, mas seletivo, cheiram o dinheiro, mas não cheiram a merda que fazem. O mundo gira indiferente a críticas, a ideias, a promessas, a confissões, a vontades,

Deuses infelizes

Silencio-me contra o muro inexpugnável da vida. Deixo andar. Não consigo acompanhar o seu olhar e ouvir a sua voz. Um muro que esconde o sol. Um mundo que me separa da alegria do sonho de uma vida nunca vivida. Deito-me na sombra de um muro que esconde o sentido do saber. Não quero ouvir, não me apetece falar, não desejo sonhar, não quero sentir nada, apenas cair no mais profundo esquecimento, local privilegiado dos deuses que se afastaram de um mundo criado por engano. Arrependidos? Sim! Não há ninguém perfeito no universo. Ninguém e nada. Existe apenas uma fantasia que alimenta o espírito dos que pretendem fugir da desgraça e do sofrimento. Tudo desaparece. Até os deuses, uns seres infelizes, sabem que um dia nunca mais terão adoradores. Nesse dia, os deuses conhecerão os que os seres humanos sentiram, sofreram e gozaram. Nesse dia chorarão. Nesse dia, os deuses silenciar-se-ão contra o muro inexpugnável da vida. Nesse dia morrerão. Os deuses também desaparecem. Felizmente.

Morte vestida de branco

A menina partiu em paz e sem dor. A sua memória não. Ficará indissoluvelmente ligada à alma dos seus pais e pairará na mente de muitos que seguiram mais um episódio em que a dignidade humana foi posta em causa. Custa-me imenso qualquer tipo de encarniçamento terapêutico baseado em princípios que estão muito para além do que exige qualquer ser que caia neste mundo e sofra vicissitudes impossíveis de descrever. A vida joga com a morte a todo o instante. No entanto, há circunstâncias em que o respeito pela ceifeira da vida é posto em causa, sobretudo quando são usados meios muito sofisticados com o intuito de manter a "vida" a todo o custo, como se isso fosse uma espécie de conquista. Arrepia-me a dialética que é usada para "explicar" os casos gravíssimos em que não há qualquer possibilidade de reverter a dor, o sofrimento ou uma existência com o mínimo de qualidade de vida. Não consigo compreender o que está subjacente a esta atitude, ou, então, sou obrigado a pensar

Sol negro

Apetece-me fugir da vida, mas acabo por verificar que é a vida que foge de mim. A sensação de frustração é violenta e muito dolorosa. Olho, ouço e sinto que não consigo encontrar o meu lugar. Cada dia que passa fico mais distante do desejado. Almas humanas embrutecidas, cuja aparente humildade esconde muita arrogância e oceanos de mesquinhez, ofendem-me e fazem com que não entenda o verdadeiro significado da fé. Fé? Sorrio. Uma palavra que começo a desprezar e até a odiar. Fico confuso com tão estranhas sensações, querer ajudar os que precisam e lutar pelo meu desejado e cada vez mais distante destino. Apetece-me fugir, mas a vida goza comigo. É ela que foge com arrogância e desprezo a ponto de querer esquecer tudo e refugiar-me numa torre, não de marfim, mas de ilusões, doces, suaves e coloridas, capaz de pulsar ao som do bater de um pobre coração enlouquecido por ter viver uma vida sem qualquer sentido. Fujo. Apago-me. Silencio-me. Amuralho alguns pensamentos. Os que saem, ainda, pr

Chuva de domingo

Chove num domingo de outono. Sentado, os meus pensamentos sem dono perdem-se no silêncio da minha sala. Olho para o vazio das janelas e sinto uma espécie de frio embrulhado em nuvens escuras a querer ir atrás da chuva que cai sem saber qual o seu destino. Corre na calçada. A chuva não olha para mais nada a não ser a vontade de morrer nos braços de uma ribeira esquecida.

País adiado ou país sem futuro?

Não interessa. É a mesma coisa. Só sei que milhares de concidadãos não são considerados como seres humanos com os direitos inerentes e conquistados por lutas históricas e que honraram em determinados momentos a essência da humanidade. Há uma violação contínua e obscena dos direitos de muitos portugueses, negando-lhes viver com dignidade. Não consigo aceitar esta situação. Eu sei que a violação dos direitos humanos foi uma constante na história da nossa espécie, mas também sei que houve sempre seres humanos que se indignaram contra esse comportamento indigno e humilhante. Não posso aceitar que muitos responsáveis que se alcandoraram voluntariamente a posições politicas capazes de ajudar o próximo não o façam, que não criem condições para menorizar o sofrimento e implementar as condições para resolver as necessidades mais básicas. Muitos usam esses cargos para obterem mais-valias, fomentar tráficos de influência e dar largas ao mais puro e obsceno nepotismo. Não há área politica, ideoló

As palavras não são invejosas

Costumo escrever diretamente no computador. Habituei-me há muito a descrever os meus pensamentos desta forma eletrónica. No entanto, reconheço que, por vezes, tenho necessidade de usar uma folha em branco e uma caneta. Revejo a minha letra e vejo-me a mim próprio. O som da ponta da caneta a correr no papel seduz-me, um encanto que não tem nada a ver com os sons do teclado. O papel absorve como uma esponja o que me vai na alma. É a melhor forma de a limpar ou de a desnudar. As palavras saem com outra cor, com outro sentimento e as letras apresentam-se de forma diferente, umas vezes bem desenhadas, outras não, até parece que ficam desorientadas. Às vezes correm mais depressa do que o próprio pensamento, enquanto outras ficam meio paralisadas sem saberem por onde ir. Olho, risco, leio e passo em frente. Uma vontade febril, quase louca, impele-me a escrever e a ver as imagens que se escondem atrás das palavras que eu vou entretanto pintando, esculpindo, cantando, escondendo, sempre ao s