O tempo livre ao fim da manhã empurrou-me à descoberta de algo que deveria estar à minha espera. Não cumpri o habitual e emergi numa velha rua onde em tempos vi alguns quadros. Não é que seja uma referência do que quer que seja. O que eu senti foi um impulso difícil de descrever. Parei em frente da montra e reparei no vazio do local e no olhar distante de uma rapariga que há muito não deveria fazer negócio por aí além. Molduras, estampas, quadros sem arte e sem pretensão a esse estatuto. No chão, sem moldura, um quadro impressionista, cheio de cor e de alma, gritou à minha sensibilidade. Destoava naquele ambiente, e muito. Passei em frente, mas passados alguns instantes voltei para o ver. Belo, sem dúvida. Perturbou-me. Entrei e perguntei se estava à venda. Perguntei, porque uma obra de arte daquele nível destoava no meio de uma bagunçada sem jeito e sem interesse. – Está. – Qual o preço? Um valor não muito exagerado, mas mesmo assim havia algo que não estava a entender bem. Numa casa...
"- Olhai para todas vós. Discutis como mulheres livres – sem sequer sonharem que a liberdade está na base das vossas opções. E se fôsseis escravas?"