Vi gente a passear e a ondular na baixa. Respirei o calor do passado. Parei em frente de velhas montras, umas transformadas, outras desfiguradas, enquanto uma ou outra mostrava ainda as mesmas dentaduras, agora envelhecidas e cariadas, onde outrora imperava o brilho e a atração. Contrastes. Apenas o sol, o calor e a brisa que corria na rua eram os mesmos. As recordações esfumam-se no meio dos contrastes. Ainda bem.
Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite. Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.
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