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Tesouros da vida

Viajo em pensamento à procura de encontrar os tesouros da vida. Nada de especial, não precisa de ser ouro ou qualquer pedra perfeita criada por acaso no meio da confusão do universo. Nada disso. Contento-me com o dourado do fim de uma tarde vulgar e silenciosa ou com as pedras talhadas pelo espírito criativo do homem. Dois tesouros a somar a tantos outros, como a poesia de um quadro ou a melodia de um poema escrito no delírio de uma noite fria.
Tesouros da vida são pequenos encontros com a vulgaridade e o anonimato de almas que conseguem escapar-se entre os dedos de deuses menores, invejosos por não poderem conhecer o sabor do amor e a embriaguez do prazer. Quando desaparecem libertam no ar as suas memórias e recordações que só as almas gémeas sabem ler e saborear. Tesouros que os deuses nunca conhecerão, porque não sabem o que são almas.

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Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

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