"E este?"
Quando a vi pela primeira vez senti curiosidade em saber que idade teria, mas não lhe perguntei, porque o programa facultou-me de imediato, 86 anos, idade real que não casava muito bem com a idade aparente. Fugia ao habitual, revelando uma desinibição a recordar uma meia loucura, devidamente controlada, típica de mulheres sensuais. Retirei-lhe as rugas da face, dei um pouco de brilho à pele, pintei-lhe os lábios, penteei-a à maneira, e não foi preciso vidrar-lhe os olhos, porque ainda tinham um fulgor luminoso de outros tempos e malícia quando basta. Queixava-se de muitas maleitas, mas não eram nada de preocupante, exceto aquela coisa do coração. Os exames não revelaram qualquer anomalia e, além de mais, conseguia caracterizar com uma precisão matemática quando tudo começava, sempre que o marido estava em casa, uma matação. Assim que ele sai, fico logo melhor, mas dá-me cabo do juízo, senhor doutor, fico logo a tremer quando ele entra, assim, quer ver, e imitava o quadro, lançando as m