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Violência

Sábado. Convidaram-me para a sessão de encerramento de um colóquio sobre Violência Doméstica. Ouvi autoridades policiais, psicólogas, assistente sociais e outras que têm a cargo a responsabilidade de lutar e minimizar este flagelo. Foi agradável. Teve lugar na casa da cultura de Santa Comba Dão. A notícia do acontecimento não teve impacto, o que é perfeitamente natural. Em contrapartida, a "ameaça" ou a "violência" do vinho marca "Salazar" teve honras de primeiro plano nos telejornais e jornais. Santa Comba Dão no seu melhor. Tive que dizer alguma coisa, e disse. O assunto violência não é novo e penso que vale a pena refletir um pouco sobre o mesmo. O homem é um ser agressivo e há razões para isso, até poderia afirmar categoricamente que sem essa característica não teríamos chegado aonde chegámos. Sendo assim, não posso deixar de analisar, ainda que sumariamente, alguns aspetos relacionados com a agressividade comportamental, que tem sido estudada ao long

Cinco de outubro!

Era um catraio despreocupado e já "sabia" o que era o cinco de outubro. Tomara, tive um avô republicano que não se calava sempre que vinha à liça o assunto da república; punha-se a falar de acontecimentos, de pessoas, de greves, de atentados, como se eu estivesse estado presente ou tivesse conhecido os protagonistas! Dissertava, comentava e insultava com um calor especial. Parecia que se embriagava com a história daquele período. Só o via assim quando falava do fim da monarquia e da implantação da república. Também me apercebia de que era crítico de muitas coisas que aconteceram naquele período. Quando chegava ao Estado Novo baixava a voz, remexia-se na cadeira, olhava para os lados, o bigode tremia-lhe e ficava nervoso. Só muitos anos depois é que percebi as razões. Soube o que foi a dureza do regime. Rapidamente ultrapassava a situação, regressando sempre ao cinco de outubro, símbolo da mudança de regime e esperança de um futuro melhor. Mais esperança do que certeza. Mesmo

Aperto de mão!

A Associa çã o Ol í mpica Brit â nica tem vindo a aconselhar os atletas a n ã o se cumprimentarem com o apertar de m ã os porque podem apanhar infe çõ es, as quais, mesmo sendo ligeiras, podem levar à perda de uma medalha nos pr ó ximos jogos ol í mpicos. Para o efeito socorre-se de v á rios estudos. De acordo com os mesmos, quatro a 19% das m ã os, brit â nicas, est ã o contaminadas com bact é rias fecais, sem falar dos v í rus. At é infe çõ es grav í ssimas podem ser provocadas por bact é rias multirresistentes a antibi ó ticos, caso de um estafilococo. Nos Estados Unidos estima-se que numa cerim ó nia de gradua çã o possa ocorrer uma infe çã o provocada por esta bact é ria na sequ ê ncia de 5.200 apertos de m ã os. Tenho acompanhado o desenrolar desta situa çã o que considero algo perigosa. Estou a pensar se n ã o poderei interpretar este conselho como uma manifesta çã o social equivalente a uma perturba çã o obsessiva compulsiva. Na minha terra havia um pasteleiro que n ã

Realidades

Tive contacto pela primeira vez com a filosofia no decurso do antigo s é timo ano do liceu, o equivalente ao atual d é cimo segundo. Recordo-me do livro de capas azuis de Augusto Saraiva que servia de base ao estudo da disciplina. Foi um pouco complicado entrar nestas mat é rias. Comecei com uma jovem professora, bonita, que substitu í ram, ao fim de algumas semanas, por um ex-seminarista que se interessava mais pelas videiras, em cultivar batatas e a apanhar couves do que propriamente ensinar filosofia. Mesmo assim, agarrava-me ao livro, tentando compreender aqueles conceitos. N ã o foi nada f á cil. Aprendi nomes de alguns fil ó sofos e consegui "apreender" uma ou outra ideia. Nunca mais me esqueci de um, Soren Kierkegaard, n ã o sei se pela estranha sonoridade do nome ou se pelo facto de ler que a realidade é condicionada pela nossa forma de ser e sentir as coisas, o que varia, e muito, de pessoa para pessoa. Um conceito simples e ú til para