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Terror

É horrível ter que abrir o jornal e mergulhar nas notícias, um ato de tentativa de suicídio social. A natureza humana é inequivocamente marcada pelo terror, um gosto aflitivo de aplicar o sofrimento ao próximo. Um jovem, à saída da escola, na Venezuela,  foi regado com gasolina e transformado numa tocha humana. Motivo? Houve alguém que não admite homossexuais! Como interpretar esta conduta? Uma forma de terrorismo homofóbico. Logo a seguir, uma notícia sobre atitudes coercivas aplicadas a quem não tem possibilidades de cumprir com as suas obrigações. Telefonemas e ameaças feitas sobre os próprios ou familiares provocando desespero e angústia nos devedores, para os quais contribuíram muitas dessas empresas que souberam "emprestar" dinheiro fácil. Uma forma de terrorismo do crédito fácil. Mas há outras formas, como as decorrentes de velhas e perigosas ideologias, caso dos neonazis alemães que nos últimos anos foram responsáveis pela morte de turcos. Uma forma de terrorismo ra

"Pernas esculturais"

E se de repente uma estátua grega ganhasse vida? Aparecia um ser irreal, algo que nunca a natureza conseguiu produzir. Os escultores que as fizeram sabiam o que faziam, ou seja, criavam figuras perfeitas, as mais parecidas com os seres humanos, mas eram seres irreais. Sabiam encontrar as proporções exatas através das quais estimulavam, e continuam a estimular, os nossos centros cerebrais sensíveis à beleza, à estética. Sabiam de "neurofisiologia da arte", muito tempo antes de cientificamente se verificar a produção de substâncias cerebrais que nos dão prazer. O cérebro humano é sensível a constantes fibonaccianas, ou a outras que tais, e quando se confronta com tais regras, começa a produzir endogenamente substâncias relacionadas com o prazer e a tranquilidade. Esses centros localizam-se no córtex pré-frontal, o nosso mais recente cérebro. O último dos cérebros a desenvolver-se e, frequentemente, o primeiro a envelhecer e a desaparecer. Esta breve reflexão foi motivada por u

Romãs

Dia de finados. Aproveitei para descansar. Fiquei na terra, saboreei o ar, respirei o frio e lembrei-me dos conhecidos e dos partidos. Uma deliciosa sensação de paz inundou o meu espaço, quase que diria que a lembrança da morte despertou um agradável sabor de vida. Os contrastes surgem em determinadas ocasiões, só é preciso estar atento. Eu estive. Hoje, a simpatia pairava em todos os locais por onde passei. Hoje, uma estranha, enigmática e discreta alegria brotava generosamente de todas as pessoas com quem me cruzei. Nada de ansiedade, nada de temor e nada de dor, apenas tranquilidade e uma serenidade que há muito não via, nem sei se alguma vez vi tal coisa, mas hoje vi e senti. Que estranho! O ar, a água da ribeira e as folhas das árvores estavam felizes. Que estranho! As pessoas sorriam e diziam coisas bonitas, inesperadas e cheias de ternura. Paravam, cumprimentavam-se e brincavam. Não vi um ar carrancudo, não deslumbrei ansiedade, nem ar de tristeza, até mesmo aqueles em que a do

Pânico

O comportamento dos seres humanos modifica-se muito em grupo, a ponto de serem capazes de gestos brutais e irracionais, nomeadamente em caso de pânico ou de cobardia. Em caso de cobardia conseguem libertar os instintos mais primários escondendo-se ou justificando os seu atos com o efeito de grupo, uma forma de se esconderem estando visíveis. É o que acontece durante algumas manifestações. Vemos alguns celerados a apelar à violência, ao desacato, ao confronto e à destruição como se fossem a solução do que quer que seja. Incapazes, quando a sós, de fazerem o melhor para si e para os outros; cobardes a solo que se transformam em "heróis" em grupo. Este fenómeno é por demais conhecido, e não é só no decurso das manifestações, mas também aquando da formação de quadrilhas em que o bandoleirismo é rei. Nas guerras o fenómeno é ainda mais evidente. Outro efeito de grupo é em caso de pânico. Quando muitas pessoas partilham o mesmo espaço, sobretudo se for fechado, então, qualquer es

Justiça

Justiça declara a prescrição do caso Bragaparques - Especiais - DN Ponham a justiça a funcionar, antes que um dia destes passe a ser substituída pelas mãos do povo. Por causa deste caso? Não! Por todos os casos que vou lendo e ouvindo. É demais. O maior cancro da sociedade portuguesa está perfeitamente identificado, a justiça.

Embaixador de Israel

De acordo com o que me foi dado ler , o embaixador de Israel em Lisboa foi muito duro numa conferência realizada em Lisboa, afirmando que fomos "o único país que colocou a sua bandeira a meia haste durante três dias" pela morte de Hitler, uma nódoa que os judeus associam a Portugal. Quando li o título, "Embaixador de Israel diz que Portugal tem "uma nódoa" que os judeus não esquecem", pensei que estaria a referir-se ao Pogrom de Lisboa de 1506, mas não, o que os judeus não esquecem foi o "luto" de três dias determinado por Salazar. Quanto à matança de Lisboa, às tantas deve ser coisa "menor" que os judeus já se esqueceram ou não sabem, pelo menos a grande maioria. Na minha opinião, as palavras do embaixador são uma ofensa ao povo português, porque não pode ser responsabilizado pela decisão de um governante. Além do mais, o senhor embaixador deve desconhecer - não obviamente o papel dos dois "justos" portugueses -, inúmeros

Dignidade

Eu sei que certos assuntos são muito delicados e que podem levantar muita controvérsia e até reações emocionais bastante fortes. O melhor a fazer nestes casos é estar quieto e calado, sempre se evitam algumas complicações ou mal entendidos. Acontece que não sou capaz de estar quieto e calado, por isso tenho que expressar a minha opinião. Li uma história que me incomodou, mais uma a somar a outras semelhantes, um caso de uma jovem polaca que engravidou após ter sido violada. A Polónia é um país com uma forte matriz religiosa católica e, nesse contexto, muitas leis são produzidas sob essa orientação e influência, como é o caso do aborto. Mesmo assim, a legislação polaca permite o abortamento no caso de violação. Deste modo, a jovem solicitou a aplicação do seu direito. Aqui começou a sua via-sacra. Foi com a mãe ao hospital da cidade munida do respetivo certificado legal que lhe permitia fazer a interrupção da gravidez. No hospital criaram-lhe inúmeras dificulda