Abriu os olhos e sentiu a primeira sensação da vida, milhões de pontos brancos, alguns pareciam ser azulados, a tremelicarem de alegria num fundo vazio de um negro muito transparente. Ficou a olhá-los e aprendeu o que era o movimento, só não sabia se era ele se era o céu que dançava. Deviam ser os dois, um de espanto e o outro de cortesia. Ouviu uma voz, foi a primeira vez que ouviu, a dizer-lhe que tinha sido escolhido para transportar algo de que era feito. O quê, perguntou. Daqui a pouco saberás. Os movimentos dançavam em sentidos opostos, o seu e o céu, e viu nascer à sua frente um círculo belo, inicialmente amarelo laranja, depois branco muito puro, a encher de luz fria o firmamento. Pensou, é a minha mãe. O astro riu-se e não lhe disse nada. A voz quente disse-lhe, daqui a pouco irás sentir algo de novo, muito diferente, uma luz nova, diferente daquela que tu dizes ser a tua mãe. Mas não podes olhá-la de frente e terás de transportar na tua cabeça este cesto f