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Cortes de subsídios

O Tribunal Constitucional diz que é inconstitucional o corte de subsídios, mas estes vão continuar atendendo à situação do país!!!! Meu Deus, então para que serve o Tribunal Constitucional? Só me resta uma única palavra que diz o que sinto neste momento: - BARDAMERDA!

O pato de ouro...

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Para a Suzana Toscano... Entrei. Já faço parte da casa. Ao longo dos últimos três anos adquiri-lhe muitos objetos, uns mais valiosos, outros nem tanto e alguns sem valor nenhum, mas mesmo sim indutores de belas histórias e reflexões que me deram muito prazer. Um bom pretexto para estimular a imaginação e dar sentido à vida. - Hoje não tem nada que me interesse? Não tem por aí ao menos alguns papéis velhos? Perguntei-lhe na expectativa de encontrar um bom tema para preencher um belo dia de sol. - Oh, o negócio está muito mau, não vendo, também não posso comprar, não acha? - Pois! Tem razão, mas é pena. Dei uma segunda volta esperançado em encontrar uma velharia qualquer que me preenchesse um vazio, o da criatividade, mas nada. Ao fundo, ouvi-lhe a sua voz de negociante, um timbre visceral a lembrar árabes nos mercados. - Tenho aqui no armário - sempre o velho armário, verdadeiro poço de belas peças de arte - uma coisa que é capaz de lhe interessar, como soub

Carregador do tempo

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Abriu os olhos e sentiu a primeira sensação da vida, milhões de pontos brancos, alguns pareciam ser azulados, a tremelicarem de alegria num fundo vazio de um negro muito transparente. Ficou a olhá-los e aprendeu o que era o movimento, só não sabia se era ele se era o céu que dançava. Deviam ser os dois, um de espanto e o outro de cortesia. Ouviu uma voz, foi a primeira vez que ouviu, a dizer-lhe que tinha sido escolhido para transportar algo de que era feito. O quê, perguntou. Daqui a pouco saberás. Os movimentos dançavam em sentidos opostos, o seu e o céu, e viu nascer à sua frente um círculo belo, inicialmente amarelo laranja, depois branco muito puro, a encher de luz fria o firmamento. Pensou, é a minha mãe. O astro riu-se e não lhe disse nada. A voz quente disse-lhe, daqui a pouco irás sentir algo de novo, muito diferente, uma luz nova, diferente daquela que tu dizes ser a tua mãe. Mas não podes olhá-la de frente e terás de transportar na tua cabeça este cesto f

Circuncisão

A epidemia da Sida/VIH tem vindo a sofrer modificações apreciáveis para as quais têm contribuído a investigação epidemiológica, clínica, molecular e terapêutica. Nalguns países a situação ainda não está controlada, embora se note uma diminuição da incidência e da prevalência que, nalgumas comunidades, tiveram, e ainda continuam a ter, expressões mais do que dramáticas. De qualquer modo, deixou de ser um símbolo da morte passando a ser considerada como doença crónica a par de tantas outras. As medidas de prevenção e de tratamento têm tido sucesso, sobretudo este último ao diminuir de forma acentuada a capacidade de transmissão do vírus. Quanto à prevenção, o conhecimento da realidade próxima, íntima mesma, de muitos, sobretudo em África, onde dificilmente haverá alguém que não tenha tido um familiar atingido pela doença deverá ter sido determinante para a mudança de hábitos e comportamentos, à qual se associa a proteção devida ao uso de preservativos, tão contestados e "de

Mau-olhado...

Nunca tinha nascido ninguém na terra com aqueles poderes, assustava, enojava, seduzia, confortava e matava, como se tivesse encarnado deus e o diabo no mesmo corpo. Um daqueles casos raros em que as divindades se esbarram ao escolherem determinadas almas. O universo pode ser grande, mas por vezes não evita certos encontros, despropositados ou não sempre são uma forma de fugir à rotina da santidade e do diabólico. Aquela alma lembrou-se de lhes fugir naquela noite quente em que os sentidos, despertados pelo solstício do verão, fazem das suas, a noite que desperta desejos. O diabo sabe atiçá-los como ninguém. Nasceu precisamente no dia da Anunciação, um dia santo, um dia em que não deveria ter nascido. Fê-lo para irritar o diabo e incomodar deus. Riu-se. Sabia que adquiriria poderes, os seus olhos seriam capazes de matar, de causar infortúnio aos que se atrevessem cruzar com ela e não obedecessem à sua vontade. Depois, cresceu irritando e assustando os demais. O medo era mais d

Chá de urtigas

Gosto de ficção científica por várias razões, mas a principal é, sem dúvida, o facto de se ajustar melhor às necessidades e aspirações dos homens do que a triste e frequentemente estúpida realidade que incomoda e chateia a todo o momento. Ao pensar nisso consegui subitamente associar a série Star Trek (O Caminho das Estrelas), um destacado prémio Nobel da medicina e o chá de urtigas. Que estranha combinação, dirão. Talvez não. Comecemos pelo nobelizado em 2008, o francês Luc Montagnier, pela descoberta do vírus que provoca a SIDA. Ultimamente tem enveredado por áreas que estão a provocar muito desconforto e "admiração" na comunidade científica. Uma delas tem a ver com um trabalho, que ainda não foi publicado em nenhuma revista, em que afirma ter achado que o ADN, a tão famosa molécula da vida, base da estrutura dos genes, consegue teletransportar-se à distância para uma solução onde não existia qualquer molécula. Os cientistas estão incrédulos perante este "fenómeno"

Balão de São João

Lembro-me muito bem quando aprendi as estações dos anos. Ninguém me ensinou. Não foi muito difícil, apenas uma questão de tempo. Recordo de nunca ter gostado dos dias curtos e sem sol, porque atalhavam as minhas brincadeiras roubando o meu tempo, tempo de que fui e sou muito cioso. Ainda por cima, muitas vezes, a chuva e o frio doentio aprisionavam-me em casa, desfrutando apenas a liberdade através de um janela fechada e embaciada. Quando me sentia preso, sabia que a culpa era do tempo, tempo que gozava comigo, massacrando-me com particular violência, obrigando-me a beber o fel do tempo que parecia nunca mais querer passar. Passei a odiá-lo. Esquecia essa raiva apenas quando os dias começavam a ganhar tempo em calor e em luz, porque me permitiam brincar até mais tarde, tendo sempre como justificação que ainda se via o sol ou o seu bocejar avermelhado, momento que me encantava particularmente. Nessa altura as pessoas mudavam de cara, riam-se, tornavam-se mais reinadias e passavam