Saudades do pão...
De manhã cedo, assim que ouvia a buzina da bicicleta a tocar insistentemente, abria de imediato a porta e via a máquina com duas largas anquinhas de verga, tapadas com um pano branco, estacionada junto ao muro. Quando o padeiro destapava os cestos, um cheirinho quente e saboroso a pão fresco invadia subitamente o terraço, perfumando o nevoeiro ou o fresco matinal. Pegava num papo-seco, estaladiço e meio oco. Corria para casa e barrava-o com manteiga, que se derretia deliciosamente em contacto com as paredes ainda quentes, seguido de sôfrega ingestão, desfrutando a saborosa gordura embrulhada na doce textura do trigo, sempre acompanhado do café fumegante de cevada, porque isso de beber leite causava-me enjoos. Ala que se faz tarde, mas mesmo assim ainda levava mais um para comer a meio da manhã na escola. Quando ia comê-lo já estava mole, meio esmagado pelas tropelias, e frio. Ao abrir a saca, os outros meninos olhavam para mim. Via que o cobiçavam. Perguntava se quer