"Braço direito"
Ao levantar-lhe o braço senti de imediato que a força da gravidade estava a reclamá-lo gulosamente, largo-o e cai estrondosamente sem esboçar qualquer resistência, como se não existisse. Fácil, foi muito fácil perceber o que estava a acontecer. Depois, o resto do exame elucidou o que se tinha passado. A inconsciência, sinónimo da gravidade da situação, libertou-a da angústia de mais uma tragédia, o mínimo que a vida lhe podia propiciar. Deixou de comunicar, fecharam-se todos os canais que a ligavam a este mundo; nem as palavras, nem as carícias, nem os beijos, nem os olhares me permitiram penetrar na sua alma, nem sei por onde ela anda. Vagueia. Sei que não é possível voltar a ouvi-la a pronunciar os seus discursos confusos e deformados através de janelas empedernidas e meio abertas. Sei o que está a acontecer, sei onde estão as lesões, sei isso tudo, mas, mesmo assim, dou por mim a chamá-la pelo nome, e pelo laço mais íntimo, digo tolices, tolices que sei que gostava de ouvir, provo