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"Não sei o que se passará quando estiver morto"

Ontem, um amigo enviou-me um pequeno texto, publicado no El País, com o seguinte título, "O que se passa quando estou morto?". Um texto escrito por um filósofo espanhol, Isidoro Reguera. No fundo, trata-se de uma análise à obra de um cardiologista holandês, Pim van Lommel, que, com base na sua experiência em lidar com situações de "quase morte", escreveu um interessante artigo científico, publicado numa das mais prestigiosas revistas médicas, e que agora desenvolveu concetualmente numa obra, um best seller, "Consciência além da vida". Em síntese, o autor tenta demonstrar, ou melhor, equaciona a hipótese de que a consciência existe independentemente do corpo. Põe em causa as hipóteses habituais para explicar a vivência que algumas pessoas têm quando "morrem" e depois regressam à vida. Não é um fenómeno comum, de facto, muitos dos que o experimentaram ficaram aborrecidos com a "reanimação" e passaram a ser diferentes, perdendo o medo à mo

"Apanhado da Lua"

Há certas pessoas com as quais não simpatizamos, e não é por motivos preconceituosos, mas sim devido a determinados fenómenos muito complexos a que não é estranho certas estruturas cerebrais que conseguem "ler" sinais de perigo que nos escapam de forma consciente. O senhor entra e dispara: Você tem de resolver este problema, eu não posso continuar assim. Nem boa tarde, nem senhor doutor, nem nada."Você", uma palavra que me irrita sobremaneira. Nem me deixou perguntar o que é que se passava, embora não me fosse difícil descortinar qual o problema, porque já o tinha consultado em tempos. Olhe lá, então a medicina não consegue ver o que se passa no meu estômago sem ter necessidade de fazer uma endoscopia? Que raio de medicina é a vossa, tão desenvolvida, tão desenvolvida e não tem uma alternativa! O registo do discurso foi sempre no mesmo sentido, desprezo e tentativa de humilhação da profissão. Tive de colocar a minha cara número um, a mais solene possível, usando tod

Os Rohingyas

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A pol í tica, a arte ou o com é rcio de governar os povos, come ç ou h á alguns mil é nios, a ponto de ser categorizada como paleopol í tica. Nesses prim ó rdios, grupos humanos tribalizaram-se criando espa ç os pr ó prios que lhes permitissem viver, sobreviver e dominar como se constitu í ssem um ser com vida pr ó pria, com cabe ç a, membros e ú teros dos quais nasciam os novos seres. Mas precisavam de se individualizar, construindo ilhas, o que s ó era poss í vel atacando todos os que n ã o faziam parte da tribo, este era o fator indispens á vel à sua autonomia, ser opositor a outros, ou seja, os que estavam de fora é que eram os verdadeiros respons á veis pela sua personalidade grupal. De pequenas tribos passaram a tribos maiores, aut ê nticas hordas, fechadas em esferas, que se puseram a conquistar, ou melhor, a destruir outros povos, outras comunidades. O que é curioso é que todos pertencem à mesma esp é cie! Daqui, da paleopol í tica tribal, ou das hordas,

"Mito de Babel"

Andava na segunda classe quando o padre se lembrou de falar da Torre de Babel, antes tinha contado a hist ó ria do Dil ú vio, uma maravilha que me obrigou a imaginar todos aqueles passageiros, aos pares, no barco. Disse-nos que era a segunda e a ú ltima vez que Deus dava oportunidade ao homem de nascer e tornar-se limpo. N ã o dei grande import â ncia a este pormenor, devia estar para al é m do meu entendimento, preferia imaginar todos aqueles animais fechados à espera de as á guas descerem. Claro que ainda o interroguei para onde foi tanta á gua, mas fez de conta que n ã o me ouviu, e eu n ã o me importei, j á tinha tido outras discuss õ es, o melhor era estar calado. Mais tarde conclui que No é tinha sido o pai de uma nova humanidade, falhada. O senhor devia meter-se nos copos. O que é que se poderia esperar de quem inventou o vinho? Mas n ã o era s ó ele, Lot, aquando de um bebedeira, emprenhou as suas filhas, bom, parece que foram estas as respons á veis. Perante estes relatos

Inquisição virtual!

O preconceito está em toda a parte e alimenta-se dos que não comungam da forma de ser e pensar das "maiorias". É horrível ter que enfrentar novas e velhas normas construídas ao sabor do tempo, dos interesses económicos, ideológicos e até religiosos. Se alguém é ateu ou agnóstico aparece sempre um evangelista a querer demonstrar o erro, o disparate e até a estupidez de não aceitar a existência de deus. Se alguém é homossexual aparece alguém, em nome da maioria, a denunciar tão estranho comportamento. Se alguém optar por um comportamento ou atitude pouco frequente é visto de lado, como pertencendo a algum grupo esotérico capaz de corromper a sociedade. Se alguém pertence a uma sociedade secreta ou grupo religioso menos ortodoxo é considerado como um suspeito capaz de cometer as maiores atrocidades, enfim, tudo o que foge à tirania da maioria é apontado como não normal e, consequentemente, como objeto de discriminação. A sociedade teve sempre esta conduta, como se o seu útero so

Entrada em cena!

Para o meu amigo Dr. Tavares Moreira Somos marcados por pequenos acontecimentos ao longo da vida, que, ao fim de muitos anos, emergem mais ou menos desfocados sempre que pretendemos explicar por que razão pensamos ou atuamos de certa maneira ou, então, quando alguém se lembra de lançar uma simpática provocação. Não deixa de ser agradável recordá-los porque permitem construir histórias, as quais, por sua vez, podem modificar a forma de pensar de outros. No dia em que cheguei à Assembleia da República, em 2002, sentia-me inquieto, um pouco confuso, mas suficientemente em estado de alerta a fim de absorver tudo o que podia de modo a não fazer má figura, coisa que passei a assistir com certa regularidade passado algum tempo. No primeiro dia, ao entrar no hemiciclo, não sabia onde devia sentar-me. Escolhi um sítio que fosse o mais central possível e numa fila discreta, salvo erro a quarta. Razão da escolha? Ter o mais amplo campo de visão que me permitisse observar com cuidado o comportamen

Ribeira das Hortas ou Ribeira da Merda?

Em outubro de 2008 escrevi um pequeno texto intitulado Ribeira das Hortas. Fui repescá-lo. Na altura denunciei a situação em que se encontrava. Agora, depois de alguns cuidados, nomeadamente a instalação de repuxos, verifico, para minha surpresa, que está, volta e não volta, transformada em uma espécie de "Ribeira dos Milagres", não para os lados de Leiria, mas em Santa Comba Dão. Alguém anda a fazer descargas na ribeira, conspurcando-a de forma extremamente violenta com total desrespeito pelas leis. Deste modo, proponho que a partir de agora passe a chamar-se "Ribeira da Merda" e aproveito a oportunidade para mandar àquele sítio os autores de tamanha façanha. Ribeira das Hortas Tenho participado em várias reuniões por esse mundo fora, mas uma delas provocou-me sensações muito agradáveis. Recordei-me da pequena cidade francesa, Divonne-les-Bains, junto da fronteira suíça, por causa da ribeira das Hortas. Princípio de Outono. Uma cidade encantadora, pequena e rica em