Sal...
Esta coisa da hipertensão arterial é uma chatice. Aliás, a velhice só traz aborrecimentos, bom, nem sempre, mas é muito mais atreita a tal, é dependente de coisas que souberam e continuam a saber bem, por vezes até bem de mais. Convencê-los de que devem tratar-se é complicado e se lhe reduzirmos o sal então é uma tragédia. Ai isso não, isso é mesmo que matar-me! Não consigo comer sem sal, o senhor doutor o que quer é matar-me. Não quero nada, quero apenas ajudá-lo. Mas como? Comer sem sal? Não consigo, é impossível. Convencê-las, sim, falo no feminino, porque "elas" são mais complicadas, é muito difícil, para não dizer que é quase impossível. Sempre tive enorme apetência para o sal. Lembro-me de levar pequenas pedras de sal escondidas para as saborear no recreio da escola. Roubar pequenas lascas de bacalhau salgado, pendurado do teto na petroleira lá do sítio, era um desafio fascinante, claro que a dona devia fechar os olhos a este atrevimento, mas chupá-las e comê-las