Depois de uma tarde de trabalho, presidir à assembleia municipal, regressei a casa meio cansado, mas satisfeito. A sessão foi animada, politicamente um pouco quente, o que me agradou sobremaneira, mas com correção. Olho para as portas da minha casa e vejo-as enfeitadas com ramos de giestas, maias. Não foi por nada, pensei logo na minha vizinha, a Maria, pessoa simples, mais nova do que eu, e que sabe cultivar a cultura popular como ninguém. Uma surpresa que me agradou imenso e que me fez recordar outras vésperas do primeiro de maio, quando ia cortar giestas com o resto da miudagem, assim que saíamos das aulas, para depois as distribuir pelos vizinhos, enfeitando as ruas com aquele doce amarelo. Uma festa. Verdadeiros pedaços de sol pendurados nas ombreiras das portas, nas janelas, nos vasos, nas varandas a alegrarem a vida da comunidade, esconjurando os maus espíritos e afastando a fome. Quem não tivesse maias à entrada das casas corria o risco de vir a sofrer fome,...
"- Olhai para todas vós. Discutis como mulheres livres – sem sequer sonharem que a liberdade está na base das vossas opções. E se fôsseis escravas?"