"Povo"
Gosto de um bom livro, aprecio a literatura e esqueço-me do mundo quando me enfronho nas páginas do neorrealismo português. Devorei a obra de Mário Braga até não haver nada mais para ler; embebedo-me com muita facilidade com Aquilino; Ferreira de Castro incentiva-me a explorar muito do desconhecido. Outros, como Miguéis, Alves Redol, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Vergílio Ferreira, só para citar alguns ilustres representantes da cultura portuguesa cheios de arte, magia, vivência e de sentimentos, conseguem descrever muitas realidades que tive oportunidade de ver, sentir, cheirar e chorar. Ao ler uma obra "proibida" de Afonso Ribeiro, "Povo", estremeci de emoção. Os seus contos não são contos, são verdadeiros poemas de dor e pinturas de almas sofredoras. A miséria humana, em todas as suas expressões, é relatada de uma forma única, sensível e amarga, sem esquecer a fome da esperança e a vontade de amar. Ao ler a pobreza em que viviam os nossos antepassados, o