Descanso um pouco no seio de uma manhã fria. O sol não se mexe, não fala e não aquece. Pinta suavemente as paredes e as tristes plantas, que, na sua eterna mudez, acompanham o desenrolar da manhã sem saber porquê. A vida parece que para. O vento adormeceu. Não há nada. Imagino um estranho silêncio. Não sei o que penso. Queria ir embora, não à procura do sol, nem a toque do vento, nem ao encontro de sons sem sentido, gostava imenso de aproveitar uma fatia do tempo de um dia que para. Onde? Num local em que o tempo dorme e a vida descansa. Saborear o sol que aquece na penumbra de um ser que se esquece.
Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite. Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.
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