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Frio


Saí de casa na expectativa de tropeçar numa ideia, encontrar um motivo, ver um pensamento perdido, recordar uma memória esquecida, para poder beber o meu café e escrever ao som do seu sabor indefinido.
Apenas o frio me encantou. Simples, seco, sincero e, ao mesmo tempo, amoroso. Frio no corpo desperta calor na alma. Um contraste perfeito ou um acasalar desejado. As recordações regressam de um passado longínquo. Gostam do frio tanto como eu. Encantam e encantam-se ao som da criatividade do momento. Velhas emoções que vivem à custa da liberdade despertada pelo calor da alma numa manhã fria. Tantas imagens, sedutoras, apaziguadoras, sofredoras, mas, no fundo, também libertadoras. Conseguem fazer com que esqueça o futuro.

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