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Uma questão de tomates!

Frequento com uma certa displicência as redes sociais. Apesar de alguns perigos e dissabores tenho de reconhecer, igualmente, algumas vantagens. Acabo por saber muito sobre a personalidade de conhecidos e desconhecidos, aprendo imenso com os comentários e análises críticas dos bem intencionados e surpreendo-me sempre com o comportamento menos correto e, até, por vezes, ofensivo de outros. No fundo consegue-se uma interação quase que instantânea com várias pessoas representantes das diferentes tendências e formas de ser. No entanto, não posso deixar de dizer que fico muito preocupado com algumas ideias. Uma das áreas mais apetecíveis tem a ver com a atividade política. Queixas e críticas pertinentes não me causam qualquer prurido, pelo contrário, são sempre bem-vindas, porque podem contribuir para a melhoria de comportamentos que deveriam ser escrupulosos e transparentes. O pior é quando atacam de forma genérica, englobando tudo e todos no mesmo saco. Mais grave ainda é quando vislumbro ataques ao sistema democrático. Insultar e denegrir instituições, que são a base do sustentáculo democrático, provocam-me medo, muito medo, por vários motivos, um dos quais tem a ver com o cerceamento da liberdade. Homem sem liberdade não é homem, é apenas um escravo dos defensores de ideais totalitários. E eles andam por aí, sem qualquer pudor, argumentando com as fraquezas e os défices de honestidade de muitos que encontraram na política a forma mais rápida de vencer e de estar na vida. É um facto o défice de qualidade de muitos políticos. Por esse motivo são facilmente objetos de crítica e de ataques ferozes. Construir slogans ou movimentos contra os mesmos passou a ser uma espécie de desporto. No entanto, se estes movimentos não forem travados - o que eu considero como presumivelmente improvável -, podem levar à queda da democracia com todos os inconvenientes daí resultantes. Prefiro, mil vezes, viver com o défice de qualidade de muitos que usam ou se aproveitam da política para atingirem os seus fins, do que partilhar ideias totalitárias baseadas em princípios "nobres" mas que escondem aquilo que a história está farta de parir: dor, tortura, morte e a eliminação do melhor bem que podemos usufruir neste reles e perdido planeta, a liberdade. Em vez de se porem a vociferar contra o que está mal, o que deveriam fazer era participar mais activamente na vida política, na vida associativa e desenvolver até à exaustão a cidadania. Mas qual quê? A maioria, contestatária, prefere sentar-se frente ao computador, entrar no mundo virtual e apelar a movimentos simplistas e muito perigosos. Não seria melhor abandonar o virtual e ir para o mundo real tentar substituir os que lhe estão a provocar prurido? Claro que seria, mas, para esse efeito, é preciso muita coisa, determinação e outras coisas que não são aconselháveis dizer, por mera questão de educação. Subentende-se, não é verdade?

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