A sofreguidão de mudar persegue-me nos momentos
mais inesperados. Faz-me lembrar os soluços. Sem saber a razão sinto a força
imperiosa que vinda das entranhas me obriga a respirar de uma forma diferente e
que é muito incomodativa.
Também soluço, não com lágrimas, mas com o
pensamento. Não resisto, não posso, sinto-me impotente para tentar navegar ao
sabor do meu desejo. Deixo-me ir pelo impulso do momento. Não sei qual a
duração, se um impercetível picossegundo, se um mês, um ano, ou até a própria
vida. Não interessa, o que importa é desfraldar as velas, mesmo que estejam
rotas, e ir ao sabor do vento do momento.
Há muito que aqui não escrevia, neste espaço
dedicado a Praxinoa, a escrava de Safo, que sabia mais de liberdade do que
todos os deuses e, sobretudo, deusas.
É bom. É tão bom poder escrever e ser lido por
poucos. Eu sei qual é a razão. É a necessidade de me embebedar às escondidas
com a liberdade da emoção e poder sentir a beleza incomparável do mais simples,
enigmático e solitário momento.
Mudar é viver, é poder ser livre e não ser olhado
por ninguém a não ser pela própria alma desejosa de encontrar algo que não sabe
o que é. Só sabe que é preciso mudar. Porquê? Para quê? Não sei, a não ser para
sentir que ainda vivo...