O dia foi diferente. Recebi uma notícia que aguardava há algum tempo. Fiquei tranquilo e até satisfeito. Entrei, oficialmente, num outro capítulo da vida. Sempre pensei que iria ser penoso, abandonar uma espécie de oásis para quem sempre labutou no deserto da vida. Mas não. Curiosamente fiquei calmo e até confortado. Nunca esperei, mas é verdade. Afinal consigo adaptar-me às mais diferentes circunstâncias da vida.
- E agora? Pensei. - Vou oferecer uma pequena obra de arte a mim próprio para não esquecer este dia. Foi o que fiz. Ei-lo, "O homem e as flores", uma obra desenhada neste ano, no meu mês, com um olhar que poderia ser o meu, e com flores, o símbolo do efémero, da beleza, da simplicidade e da eterna esperança numa melhor vida.
Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.
