"Dez horas"..,
O sino da torre acaba de dar as dez horas. O som é o mesmo de sempre e fez-me lembrar as dez horas de outros tempos, a hora limite para ir para casa. Repete sempre, passado um ou dois minutos, não sei bem, o tempo que mediou as palavras escritas até agora, incluindo o título. Pode parecer pouco, mas, para mim, as dez horas eram apenas ao segundo toque e nunca ao primeiro. Um breve momento, mas para quem andava em correrias loucas, ou tinha de acabar um jogo, era muito importante. Depois, a tristeza invadia-me e ia a correr até casa. - Cheguei! Já deram as dez horas. O silêncio não me confortava, apenas me irritava, porque ainda conseguia ouvir as gargalhadas e os gritos dos outros a serem transportados ao longo da ribeira, o que me entristecia ainda mais. Eram as regras e eu não as queria quebrar, porque senão corria o risco de não sair à noite no dia seguinte, e desfrutar da liberdade vigiada pelos adultos e pelo movimento que àquela hora era uma constante. Havia o jardim, com as su