O tempo cinzento afastou-me de casa e tive de procurar um destino. Esbarrei numa centenária tileira e num belo poema. Folhas amareladas prenunciavam o destino da bela árvore. Hoje via-a, das outras não! Como foi possível não a ter visto como hoje? Nunca paramos o tempo suficiente para ver uma maravilha mesmo que seja deste tamanho. Vou voltar para a ver, nua e quando se vestir novamente, fresca, largando o perfume que mais aprecio atiçado pelo calor da noite.
(...)Aquela velha TileiraQue em chegando o Outono,Se despe ingenuamenteE fica nua, fica triste,Dando o corpo ao seu dono.A sua bela folhagem,Tudo que tem de melhor,Que seria até vaidade.E continua despidaQuando o inverno aparece,Resistindo à investidaDum tempo que não merece,Mas logo que o tempo passeE a Primavera aproxima,Sua carícia de sol,Ela, a nobre Tileira,Farta de estar inativa,Dá de vez sua primeiraSensação de reanimar.Quer voltar a ser menina,Quer voltar a casar,Que a sua flor pequeninaTem arte até de curar.Aquela velha Tileira(...)(Adelino da Costa Gonçalves)

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