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"Genocídio moral"!


Estou perfeitamente convicto que as diferentes formas de intolerância têm como objetivo justificar a identidade de um povo, de uma comunidade, de uma crença ou de uma ideologia. Ao encontrar "defeitos" nos outros torna-se mais fácil convencerem-se da sua superioridade moral. Talvez seja essa a razão dos grupos conservadores russos que têm vindo a fazer uma guerra contra a homossexualidade. A recente ida de Madonna à Rússia desencadeou uma onda de protestos devido à atitude "provocatória" da cantora norte-americana. O mal-estar russo, que tem o máximo de representatividade numa espécie de "polícia dos bons costumes", não se ficou pelo show da artista, até produtos publicitários, caso de produtos lácteos, em que nas embalagens surge um arco-íris atrás da figura de um homem, estão a ser objeto de manifestações na medida em que as cores do arco-íris se identificam com a bandeira "gay". A loucura tem destas coisas, e, por este andar, até as histórias infantis, em que abundam os arco-íris, poderão vir a serem consideradas como convites à homossexualidade, basta que os dos "bons costumes" se lembrem disso. Na Rússia nota-se uma forte contestação a certos comportamentos que são conotados com o ocidente e, naturalmente, com a corrupção que por aqui brota. Deixem lá que para as vossas bandas corrupção e imoralidades são coisas que não faltam. Também fiquei perplexo com a hierarquia de gravidade dos problemas que os russos sentem na sua forma de ser, em primeiro lugar está o suicido, seguido da rejeição das crianças e em terceiro lugar a condenação da homossexualidade. Há quem afirme que se estão a criar condições para uma perseguição tipo "novos judeus".
A atitude de Maddona, ao querer defender os direitos destas pessoas, foi considerada como uma "arma ideológica do oeste" e os responsáveis queixaram-se na opinião publica de que a senhora estaria a cometer "genocídio moral"! Enfim, a intolerância é um facto muito preocupante, ao relembrar outras situações já vividas e sofridas. Olhando para os russos intolerantes, ponho-me a pensar se ainda não irão encontrar um meio de evitar os belos arco-íris, privando-nos da sua beleza e de todas as histórias que se contam a seu propósito...
Já não digo nada!

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