Espaço...



Não há nada como deixar de ter certas esperanças, mesmo as mais sedutoras, sejam elas institucionais, convencionais ou impostas pela sociedade. É um alívio do caraças. Andar toda a vida a lutar por uma carreira, apaixonado por uma profissão e eternamente iludido por recompensas provoca dor, sofrimento, angústia, tristeza, frustração, chegando mesmo a ser letal. Um alívio quando se descobre que não vale a pena ser-se ambicioso ou querer conquistar honrarias ou distinções. Nada melhor do que encontrar refúgio em doces espaços onde possamos ser nós próprios, onde se consiga beber alguma tranquilidade e saborear o alívio para as dores da alma. 
Tenho encontrado alguns espaços, físicos e temporais, milagrosos e sedutores, belos e solitários, ricos em inspiração e pobres em arrogância. Pequenos espaços, doces, tranquilos, suaves e reconfortantes. Uma delícia que me leva a procurar as teclas e martirizá-las dando forma e sentido às palavras emergentes, esperando que do refugado saia algo que me possa alimentar e, sobretudo, ajudar a conhecer o sentido do prazer. Tudo feito em estranhos silêncios nos quais sobressaem a sonoridade das almas e o cantar dos sentimentos. Basta juntar algumas palavras ao ritmo da respiração da alma e depois deixar decantar e beber. Talvez seja a coisa mais saborosa. Substitui tudo e todos, vive num espaço, dá vida ao espaço e sentido à vida. 
Simples.

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