Quando o futuro se torna presente na forma dura e permanente da ausência e do esquecimento sente-se, não a dor, não o anseio, apenas a infinita preocupação de ver alguém partir sem saber e sem sentir o significado do verbo existir. É uma luz intensa que se vai apagando, lentamente. É uma alma que outrora foi iluminando quem precisou de forma sincera e ardente. Chegou o momento de necessitar de um braço e de pequenos encantos para quem tanto amou e cantou. A vida não mente ao anúncio da lenta morte que desconhece e que não sente.
Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite. Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.