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Repouse em paz...

Não consigo perceber a expressão “repouse em paz”. Será que a morte é a fonte preferida de repouso? Será que só após a morte é possível encontrar a paz? Mas que raio de ideia é esta, desejar a quem não nos ouve um “repouse em paz”? Não seria preferível dizer, “Recordem-no em paz”? Recordar é muito melhor do que sepultar quem quer que seja através do desejo de "paz”. Paz! Que raio de palavra escolhida para quem morre. Não lhe deram paz em vida, mas desejam-lhe depois da morte. Estranha forma de comportamento. Uma atitude arrogante, como quem diz, “Nós, os vivos, temos o condão de desejar paz aos mortos”! Até parece que nunca irão morrer. Pensem bem. Deixem-se disso. Desejar paz a quem morreu é porque não se soube dar paz a quem viveu.
Eu nunca desejei paz a quem tenha morrido, porque para mim não faz nenhum sentido. Prefiro recordá-los em paz, sabendo que para muitos era o que mais desejaram em vida. Não tendo tido, então, o melhor, é esquecer em paz...


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Fugir

Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

"Salvem todos"...

Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.