Não suporto os dias pequenos. O anoitecer entristece-me, embora consiga enganar-me durante uns adoráveis minutos, em que o ouro do outono se projeta nas montanhas longínquas dando a impressão de serem a entrada do paraíso. Cores deslumbrantes que despertam emoções. Amarelos pungentes, vermelhos delicados e azuis envergonhados, conseguem criar a ilusão de ter descoberto a mina de ouro da vida. Deixo-me ir atrás dessas cores vadias até ser despertado pelo negro precoce do dia. Respiro profundamente a saudade perdida. Sinto um ardor misterioso, frio, irrequieto, desejoso de encontrar a fonte de calor. Não a lareira, mas apenas as lembranças que dormem em silêncio nas campas da morte.
Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.
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