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País adiado ou país sem futuro?

Não interessa. É a mesma coisa. Só sei que milhares de concidadãos não são considerados como seres humanos com os direitos inerentes e conquistados por lutas históricas e que honraram em determinados momentos a essência da humanidade. Há uma violação contínua e obscena dos direitos de muitos portugueses, negando-lhes viver com dignidade. Não consigo aceitar esta situação. Eu sei que a violação dos direitos humanos foi uma constante na história da nossa espécie, mas também sei que houve sempre seres humanos que se indignaram contra esse comportamento indigno e humilhante. Não posso aceitar que muitos responsáveis que se alcandoraram voluntariamente a posições politicas capazes de ajudar o próximo não o façam, que não criem condições para menorizar o sofrimento e implementar as condições para resolver as necessidades mais básicas. Muitos usam esses cargos para obterem mais-valias, fomentar tráficos de influência e dar largas ao mais puro e obsceno nepotismo. Não há área politica, ideológica, doutrinária e, até, religiosa que não se paute por estes comportamentos. Vendem a ideia de que vão resolver os problemas, que se emocionam facilmente com as dores dos outros, que sabem “encantar” os que se desencantam, mentindo, roubando e espoliando a qualquer momento os mais frágeis, crentes e crédulos. Um fingimento sujo, um comportamento baixo, vendilhões de esperanças roubadas ao futuro, aldrabões profissionais, charlatães da vida, da política ou da religião. Tudo serve para teatralizar as suas vidas, e a dos outros, desde que isso seja útil a si e aos seus.
Olho para este país e faz-me uma enorme confusão os discursos de ocasião. Olho para os meus concidadãos e não vejo sinais de esperança na sua expressão. Olho para o futuro e vejo o mesmo de sempre, vendedores de ilusões à espera de se embebedarem com os lucros obtidos com as dores e a exploração de pobres corações.
País adiado ou país sem futuro? Tanto faz. É a mesma coisa. O que é eu que posso dizer mais? Estou cansado.

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