Chove num domingo de outono.
Sentado, os meus pensamentos sem dono perdem-se no silêncio da minha sala. Olho
para o vazio das janelas e sinto uma espécie de frio embrulhado em nuvens
escuras a querer ir atrás da chuva que cai sem saber qual o seu destino. Corre na
calçada. A chuva não olha para mais nada a não ser a vontade de morrer nos
braços de uma ribeira esquecida.
Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite. Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.
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