Levantei-me cedo, como é habitual. Descansei graças à química moderna. Não é habitual usar certas substâncias para esse efeito. Entendi que tinha de o fazer para obter algum "descanso" a fim de suportar melhor o tormento ou a paz de um novo dia. Tormento ou paz? Sim, porque viver um dia, seja ele qual for, não passa de um jogo, de uma cautela, algo imprevisível que pode fazer a sua entrada em cena com alegria, o que é raro, talvez não passe de uma miserável terminação, ou, então, com o desprezo ou indiferença própria da natureza, que se entende perfeitamente, para não falar e estremecer ao som da violência humana nas múltiplas roupagens com que gosta de vestir-se. É este último aspeto que me causa sofrimento e perplexidade. Quando menos se espera, aí estão, no seu esplendor patético e humilhante a produção de atividades humanas que abomino e não consigo aceitar. Há leis que os protejem, mas não passam de seres que vivem sem saber a razão do seu viver e a forma de ser e de estar do seu semelhante. Assumem com arrogância e até alguma impunidade o poder que lhes foi posto nas mãos. Muitos não o sabem usar convenientemente, mas sabem aplicá-lo para justificar a sua pobre, enigmática e estúpida existência. Parece que isso lhes chega. A mim não, não chega, e nem suporto tamanha visão.
Viver custa, mas o que custa ainda mais é ser humilhado por quem vive desta maneira.
Viver custa, mas o que custa ainda mais é ser humilhado por quem vive desta maneira.
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