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País sem sentido


A sensação de viver neste país é muito dolorosa. Recordo que em criança, tempos complicados e muito duros, se transmitia a ideia de nobreza e de esperança na felicidade que iria ocorrer mais cedo ou mais tarde. Perfeita ilusão. O país não consegue, por mais que tente, desbravar as matas do descalabro, da corrupção e da falsidade sem limites, em que o cidadão não passa de um peão que pode ser eliminado a qualquer momento a bem da nação.
Dói viver neste país. Abrem-se profundas chagas na alma do vulgar cidadão. Não há nada que as cure. A sociedade fere qualquer um com a impunidade típica de um deus violento, autocrático e miserável que precisa deste tipo de ação para se alimentar.
A sociedade apresenta-se como se fosse um leproso, disforme, triste, vazio e perdido sem a possibilidade de renascer com alegria, amor, justiça e respeito por si própria.
Dói viver neste país. Nem a história, nem a fantasia, nem a nostalgia ou a esperança de um novo dia, conseguem insuflar qualquer sentido à vida.
Dói viver neste país. Um país que não consegue vender a mais simples ilusão. Um país desgraçado, tenebroso, falso, vingativo e miserável.
País, sociedade nação, seja o que for que se considere, não vale um tostão. Portugal é uma triste prisão.
Frustrado, incomodado, sofrido, resta-me ir à procura de frases, de palavras, de emoções, de lembranças, e de sonhos, para poder preencher uma vida sem sentido num país perdido.

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