Não tenho medo do poder, ou não
deveria! Não me inquieta, pelo contrário, chega a ser tranquilizante. O meu
problema são as pessoas que o tem nas mãos. O poder é indispensável e vital
para manter a ordem e garantir os direitos dos cidadãos. No entanto, em termos
práticos, há quem o use de forma arbitrária, cega, distorcida, despropositada
e, até, ofensiva, sem deixar de manifestar a faceta mais ordinária, baixa e
mesquinha do seu esqueleto, a humilhação. Uma contradição absoluta, se o poder
é a base do equilíbrio e da harmonia da sociedade, também pode, em determinadas
circunstâncias, e sem razão aparente, causar prejuízos na alma de cidadãos
inocentes, confiantes de que quem detém o poder os está a proteger. Uma ironia,
o cidadão ser vítima do poder que é considerado como a base da harmonia e da
paz social.
O dia-a-dia de um cidadão pode ser
ferido a qualquer momento com as facas afiadas da ignomínia e da injustiça. O
sentimento de revolta explode no momento. A tristeza fibrilha perigosamente a
alma incrédula, e a esperança morre por antecipação como se a vida não fosse
mais do que uma representação péssima e maligna de seres cujos valores são
menos valiosos do que o conteúdo do intestino de judas. Isto no pressuposto de
que judas tem intestino!
É horrível ter de viver em
constante sobressalto de abuso e mau uso do poder. Chega a ser ofensivo. As
situações são tantas que começo a pensar se não estaremos perante uma epidemia
de candidatos a deuses, desejosos de atingir o Olimpo à custa de inocentes,
honestos e crédulos mortais. Uma indústria de gozo e de oportunismo bacoco.
Quando analiso os diversos acontecimentos que se sucedem a um ritmo
impressionante, fico com a estranha impressão de estar rodeado de verdadeiros
predadores que usam as leis, e as regras estabelecidas, para poderem alimentar
os seus troncos cerebrais que fazem inveja a qualquer réptil.
O diabo foge da cruz, e faz muito
bem, mas eu começo a sentir que o melhor é fugir de quem detém o poder. Pode
ser perigoso, dar cabo da saúde, arruinar a tranquilidade da alma e assaltar a
pobre carteira.
Às tantas, os “Bandidos da Beira”
do século dezanove, que andaram pelas minhas bandas, deveriam ser uns
verdadeiros “anjos” face aos salteadores encartados que grassam neste país!
É só sacar! Sacar e não só...
É só sacar! Sacar e não só...
Comentários
Enviar um comentário