Final de sexta-feira. Muito cansaço. O trabalho não perdoa e a ignomínia humana também não. Desejoso de chegar ao meu local de repouso e de reflexão acabei por ver e ouvir mais uma tragédia. O terrorismo, a maldade humana e a dor atingiram muitas pessoas e a alma das restantes que ficaram surpreendidas e angustiadas com a vida e o futuro. O mundo está ferido de morte. É visível e provoca muito sofrimento.
Agarrado à televisão, comunguei da aflição coletiva. Gente de bem sofre com tudo em seu redor.
Foi então que me contou um episódio. - Queres ouvir o que me aconteceu hoje? A forma lacónica como fez a pergunta assustou-me. Despertei para outra realidade e perguntei: - O que é que aconteceu?! - Após o almoço tocaram a campainha da porta. Fui ver quem era. Uma criança, que não deveria ter mais do que nove anos ou dez anos, pediu-me, numa voz suave e envergonhada, se podia tirar uma rosa do jardim. Fiquei um pouco surpreendida. O menino era bonito, simpático, tinha uma fácies rechonchuda e falava com educação, com modos. Respondi-lhe: - Claro, podes tirar uma rosa. Mas antes que ele se picasse, disse-lhe que o melhor seria eu a cortar uma. Fui buscar a tesoura e comecei a pensar por que é que um menino quereria uma rosa. Ficou à minha espera e fomos para o jardim. - A rosa é para a tua mãe? Perguntei-lhe. Foi o que me veio à ideia. O menino, simpático e muito educado, respondeu: - Sim, é para a minha mãe. - Faz anos? - Não. Não faz. A minha mãe saiu de casa, e há muito tempo que não a via. Hoje apareceu. Está em casa. - Não consigo explicar o que senti. Apeteceu-me chorar. - Olha, em vez de levares uma, vou dar-te mais. Esta está muito aberta. Esta está melhor e esta aqui é um borboto. Faz de conta que és tu. Tenho pena de não ter mais. Levas estas três rosas brancas. - Não é preciso. Muito obrigado. Disse com voz de anjo. - Não senhor. Vais levar estas rosas à tua mãe. Embrulhei-as em papel de alumínio e dei-lhas. Quando precisares podes vir aqui. Está bem? - Sim. - Sabes que és um menino muito lindo e educado? Baixou a cabeça e sorriu dizendo: - Muito obrigado, minha senhora. - Anda cá. Dei-lhe dois beijos e fiz-lhe uma carícia, ao mesmo tempo que não conseguia ou queria imaginar o drama que o menino estaria a passar.
Enquanto ouvia a descrição em silêncio, a meu lado a história não parava de jorrar sentidas emoções.
Um menino foi à procura de rosas para oferecer à sua mãe. Bateu à porta. Foi educado e pediu se podia tirar uma. Levou três rosas e deixou atrás de si muito amor misturado, quem sabe, com tanta dor.
Num mundo perdido, há sempre uma criança que sabe transmitir o verdadeiro sentido da vida. Dá rosas à mãe em nome do seu amor.
- Como é que se chamava o menino? Perguntei. - Olha. Eu perguntei-lhe, mas fiquei tão transtornada com o episódio que não consigo recordar. Será que foi um anjo?
- Nem duvides!
Agarrado à televisão, comunguei da aflição coletiva. Gente de bem sofre com tudo em seu redor.
Foi então que me contou um episódio. - Queres ouvir o que me aconteceu hoje? A forma lacónica como fez a pergunta assustou-me. Despertei para outra realidade e perguntei: - O que é que aconteceu?! - Após o almoço tocaram a campainha da porta. Fui ver quem era. Uma criança, que não deveria ter mais do que nove anos ou dez anos, pediu-me, numa voz suave e envergonhada, se podia tirar uma rosa do jardim. Fiquei um pouco surpreendida. O menino era bonito, simpático, tinha uma fácies rechonchuda e falava com educação, com modos. Respondi-lhe: - Claro, podes tirar uma rosa. Mas antes que ele se picasse, disse-lhe que o melhor seria eu a cortar uma. Fui buscar a tesoura e comecei a pensar por que é que um menino quereria uma rosa. Ficou à minha espera e fomos para o jardim. - A rosa é para a tua mãe? Perguntei-lhe. Foi o que me veio à ideia. O menino, simpático e muito educado, respondeu: - Sim, é para a minha mãe. - Faz anos? - Não. Não faz. A minha mãe saiu de casa, e há muito tempo que não a via. Hoje apareceu. Está em casa. - Não consigo explicar o que senti. Apeteceu-me chorar. - Olha, em vez de levares uma, vou dar-te mais. Esta está muito aberta. Esta está melhor e esta aqui é um borboto. Faz de conta que és tu. Tenho pena de não ter mais. Levas estas três rosas brancas. - Não é preciso. Muito obrigado. Disse com voz de anjo. - Não senhor. Vais levar estas rosas à tua mãe. Embrulhei-as em papel de alumínio e dei-lhas. Quando precisares podes vir aqui. Está bem? - Sim. - Sabes que és um menino muito lindo e educado? Baixou a cabeça e sorriu dizendo: - Muito obrigado, minha senhora. - Anda cá. Dei-lhe dois beijos e fiz-lhe uma carícia, ao mesmo tempo que não conseguia ou queria imaginar o drama que o menino estaria a passar.
Enquanto ouvia a descrição em silêncio, a meu lado a história não parava de jorrar sentidas emoções.
Um menino foi à procura de rosas para oferecer à sua mãe. Bateu à porta. Foi educado e pediu se podia tirar uma. Levou três rosas e deixou atrás de si muito amor misturado, quem sabe, com tanta dor.
Num mundo perdido, há sempre uma criança que sabe transmitir o verdadeiro sentido da vida. Dá rosas à mãe em nome do seu amor.
- Como é que se chamava o menino? Perguntei. - Olha. Eu perguntei-lhe, mas fiquei tão transtornada com o episódio que não consigo recordar. Será que foi um anjo?
- Nem duvides!
Comentários
Enviar um comentário