Sinto-me enjoado. Estou com a estranha sensação de andar em mar alto, mas não, apenas estou dentro de numa carrinha sob a sombra de duas frondosas e frescas árvores. Os movimentos das pessoas transmitem-se como se fossem ondas suaves, suaves, mas mesmo assim perturbadoras a ponto de abdicar do conforto do ar condicionado. Saí. Sento-me sob as ondas de um vento cálido e reconfortante, esperando conseguir alguma tranquilidade que alivie o sofrimento de um estômago enganado, que protesta, e com razão, por o ter levado para o alto mar, mesmo que esteja em terra. Eu digo-lhe que não estou no mar, estou em terra, mas ele não acredita. Sabe bem beber o vento e sentir o calor filtrado através de árvores frondosas e alegres. Ouço, no intervalo entre as consultas, música, convencido de ter algum efeito terapêutico e leio Hemingway, na esperança de conhecer os pensamentos de almas tangíveis, sofredoras, loucas e amantes da vida e da morte. Valha-me isso. Fujo das notícias, dos relatos políticos, das críticas, dos comentários sensaborões e dos inúmeros aldrabões. Provocam-me enjoo. Um enjoo que não tem solução.
Resta-me o cálido vento da manhã, as alegres, frondosas e frescas árvores, a luta contra pequenos e atrevidos bichinhos, que me devem confundir com as árvores, e pouco mais a não ser escrevinhar um pequeno apontamento sobre o enjoo e a forma como estou a conseguir ultrapassar. Espero conseguir e fugir...
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