Sons humanos e inumanos ameaçaram afogar o meu espaço. Fugi. O sol empurrou-me para a colina solitária, deserta e desnudada de pretensões e de vaidade. Uma colina que dá prazer a quem sabe contemplá-la e desejá-la. Subi e bebi os seus verdes, intensos, sujos, brilhantes, desbotados e alegres. Um belo leque de tonalidades abriu-se em meu redor. Tonalidades que só o verde sabe desenhar numa colina solitária. Colina onde o sol penetra por estreitas e escorregadias frestas do vasto e dançante arvoredo. O seu silêncio repelia todos os sons envolventes da cidade, desviando-os, apagando-os, para se acariciar apenas com o baixo rufar dos seus ramos e folhas e com os cantos harmoniosos de anjos transformados em nervosas aves ciosas do seu espaço. Olharam-me com uma desconfiança avassaladora por ter invadido o seu céu. Olharam-me uma segunda vez e recomeçaram a cantar. Cantaram num silêncio suave, resplandecente de vida e cheio de paz.
Quando é que regressas?
Sorri.
Deixei, subitamente, de ouvir o silêncio da colina...
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