Avançar para o conteúdo principal

Entrevista a Sara Norte


Ontem, à noite, vi a entrevista feita por Fátima Campos Ferreira a Sara Norte, a jovem acabada de ser libertada após ter cumprida uma pena de prisão em Espanha por ter sido apanhada a traficar droga.
Fiquei sensibilizado. A jovem contou as suas aventuras e desventuras, a sua ida às profundezas da miséria humana, a perda de dignidade e dos valores, e o ressuscitar para a vida. Ouvi com muita atenção. De facto é de uma beleza sem par saber que é possível vencer e voltar a ser alguém com vontade de viver e de amar, a si próprio e os outros. Um discurso aberto, sincero, enriquecedor, transmitindo esperança, confiança, denotando uma maturidade alcançada através de muita dor, de muitas asneiras e com muito sofrimento, a que não é alheio a morte da mãe, enquanto esteve presa e cujas cinzas irão permanecer no seu espírito para toda a vida. 
Afinal, também é preciso elogiar a televisão e os seus profissionais quando fazem o que devem fazer, com qualidade e profundidade como foi este caso. Para mim, esta entrevista deveria ser visionada por muitos e dado o tema talvez possa salvar mais vidas e contribuir para a felicidade e esperança de muitas pessoas do que todos os programas e esforços na luta contra a toxicodependência.
Não escrevi este comentário ontem à noite. Preferi dormir com ele, preferi sonhar com ele, prefiro conviver com ele, prefiro-o mil vezes a muitas conversas que ouço por aí.
Uma entrevista de esperança. Bem precisamos de esperança. Aprendi muito ontem.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Fugir

Tenho que fugir à rotina. A que me persegue corrói-me a alma e destrói a vontade de saborear o sol e de me apaixonar pela noite.  Tenho que fugir à vontade de partilhar o que sinto. Não serve para grande coisa, a não ser para avivar as feridas. Tenho que fugir à vontade de contar o que desejava. Não quero incomodar ninguém. Tenho que fugir de mim próprio. Dói ter que viver com o que escrevo.

Nossa Senhora da Tosse

Acabei de almoçar e pensei dar a tradicional volta. Hoje tem de ser mais pequena para compensar a do dia anterior. Destino? Não tracei. O habitual. O melhor destino é quando se anda à deriva falando ao mesmo tempo. Quanto mais interessante for a conversa menos hipótese se tem de desenhar qualquer mapa. Andei por locais mais do que conhecidos e deixei-me embalar por cortadas inesperadas. Para quê? Para esbarrar em coisas desconhecidas. O que é que eu faço com coisas novas e inesperadas? Embebedo-me. Inspiro o ar, a informação, a descoberta, a emoção, tudo o que conseguir ver, ouvir, sentir e especular. Depois fico com interessantes pontos de partida para pensar, falar e criar. Uma espécie de arqueologia ambulatória em que o destino é senhor de tudo, até do meu pensar. Andámos e falámos. Passámos por locais mais do que conhecidos; velhas casas, cada vez mais decrépitas, rochas adormecidas desde o tempo de Adão e Eva, rios enxutos devido à seca e almas vivas espelhadas nos camp...

"Salvem todos"...

Tenho que confessar, não consigo deixar de pensar nos jovens aprisionados na caverna tailandesa. Estou permanentemente à procura de notícias e evolução dos acontecimentos. Tantas pessoas preocupadas com os jovens. Uma perfeita manifestação de humanidade. O envolvimento e a necessidade de ajudar os nossos semelhantes, independentemente de tudo, constitui a única e gratificante medida da nossa condição humana. Estas atitudes, e exemplos, são uma garantia que me obriga a acreditar na minha espécie. Eu preciso de acreditar. Não invoco Deus por motivos óbvios. Invoco e imploro que os representantes da minha espécie façam o que tenham a fazer para honrar e dignificar a nossa condição. Salvem todos, porque ao salvá-los também ajudam a salvar cada um de nós.