As tardes de domingos são os períodos mais depressivos da semana. Só quando a noite cai é que consigo sentir uma certa tranquilidade ao anunciar o dia seguinte, dia de trabalho, dia de vida, dia de esperança. As tardes de domingo servem apenas para roubar a alegria e escorraçar a vontade de viver. Um tormento em contraste com o seu significado, o dia do senhor. O de hoje fugiu à rotina. Acabei numa sala a falar, a ouvir poesia, a ser impregnado com música e a reavivar um passado num local onde vivi, aprendi e moldei grande parte do meu caráter. Até a árvore defronte daquele espaço foi lembrada, era tão pequenina, recordo o seu nascimento e as inúmeras tertúlias juvenis sempre à espera da sua sombra. Hoje não vestiu a sombra, o dia não a deixou vestir-se. A tarde de domingo enobreceu-se de calor humano, de novos episódios e de alguns encantos. Enquanto ouvia, a memória voava incessantemente entre diversos períodos, ávida de encontros, de sensações, de falas, de calores, de sons, de vida e de almas perdidas.
Uma tarde de domingo diferente, fria e quente, triste e alegre, sombria e luminosa. Não deu para perceber que foi uma tarde de domingo...
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