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"Negócio"....


Acompanho os acontecimentos no Brasil. Leio e fico de boca aberta quando a presidente, a senhora Dilma viaja para São Paulo para falar com o seu antecessor, Lula da Silva, para "compreender o que está a levar milhares de pessoas para a rua, a protestar contra a corrupção, a violência policial e as despesas milionárias com a construção de estádios para o Mundial de futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, quando o país tem tantas carências, na educação e na saúde". Será que não deu conta do que se passa no seu país? Como é que chegou à presidência? Não sabe que, entre outros "negócios", o futebol é dos maiores? E legal! 
Gastar dinheiro "à tripa forra" é uma característica de muitos governos. A pretexto de investimentos e respetivos retornos (?) há quem ganhe dinheiro, os que constroem os estádios, os acessos e os que orbitam em redor da "bola". O dinheiro que está a ser investido nunca irá ter, nem de perto nem de longe, um retorno satisfatório. Entretanto, as carências e o mal-estar dos cidadãos vão aumentando. Veja-se o que se passou um Portugal com o "Europeu da bola de 2004". Gostou-se rios de dinheiro na construção de estádios para que se realizassem poucos, às vezes apenas dois, desafios. Justificações? O nome de Portugal seria mais conhecido. Vinha gentinha de toda a Europa para os ver e ficávamos com algum do seu dinheiro. Ficaríamos mais ricos. O investimento era mais do que garantido. Os que estiveram à frente do projeto foram elogiados e até agraciados! Resultado final? Bom, descrevo uma pequena conversa. 
- Está bem de saúde? 
- Se estou? Sei lá! O pior é quando acordo.
- Quando acorda?!
- Sim! Quando acordo, penso, mais um dia, "tenho" de pagar 19.000 euros.
- Não percebo!
- Todos os dias "tenho" de pagar 19.000 euros por causa do estádio de futebol.
- 19.000 euros? Isso é muito dinheiro.
- Pois é! Muito. Com o dinheiro de um ano construía cinco centros educativos.
- Durante quanto tempo vai pagar essa exorbitância?
- Mais dezoito anos.
- Valha-me Deus. Ainda por cima está abandonado, sem qualquer serventia.
- É verdade. O que eu poderia fazer se não tivesse esta dívida por pagar.
Um pequeno diálogo que traduz bem a situação de apenas um estádio da "bola de 2004". Um atentado à dignidade e ao bem-estar dos portugueses. Um negócio que encheu os bolsos de alguém e está a esvaziar os dos pobres cidadãos que ainda vão confiando em certos "gajos". 
Olho para as notícias, olho para a televisão, olho para certos programas e vejo a emergência de manifestações contra certas grandezas e, ao mesmo tempo, a manutenção da corrente "espiritual e humanista" da bola com os seus divulgadores, comentadores, treinadores, jogadores e muitos outros que vivem, usam e abusam da bola.
O negócio da bola deve ter um poder fora do comum. Uma rede legal que é fonte de lucros obscenos para muitos à custa de todos, os que "amam" este desporto e os que não lhe ligam patavina. No final todos acabam por pagar um bilhete que custa os olhos da cara. Depois esfregam os olhos e começam a ver melhor. Vão para a rua e a presidente de um grande país, até grande na "bola", vai tentar compreender o que é que se passa! Nada de especial, apenas um "bom" negócio à custa do estado. O costume.

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