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"Incompreensão"...



Gosto de contar histórias. Gosto de as ouvir e gosto de as registar. Muitas delas ensinam-nos a ver melhor o mundo e a compreender as pessoas, enquanto outras podem ensinar-nos a ser melhores, como se isso fosse verdade. Ninguém fica melhor depois de ouvir ou de ler uma história, pode sentir-se mais ou menos confortável, porque podemos despertar belos ou maus sentimentos ou criar novas sensações ou despertar velhos temores ou frustrações. Não mais do que isso. Há quem as saiba ler, mas há quem fique cego devido ao seu passado ou por ter tocado em algo que incomode. Quantas e quantas vezes contamos uma história não para ofender sentimentos, experiências ou vivências de alguém, mas apenas para ter um pretexto para descrever um episódio divertido e até hilariante, sem que isso signifique ser um insulto à condição de alguém? Longe disso. Mas há quem veja, e pior do que "ver" é a forma como julgam quem a conta ou a descreve, atribuindo-lhe características ou intenções que não correspondem minimamente à verdade. Formas preconceituosas de julgar que ofendem quem não quis ofender. Mesmo assim penso que vale a pena partilhar algumas dessas histórias ou crónicas, mas restringindo o universo de quem as lê, porque sempre se evita dissabores ou críticas menos justas e adequadas.
Gosto de escrever, preciso de escrever, mas já não sei se preciso de quem me leia. Talvez precise, porque para que serve escrever se não houver alguém com que possamos partilhar os nossos sentimentos, esperanças, tristezas, alegrias, historietas e vivências? Mas às vezes dói.

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