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"Nudez"...


A exposição de um corpo desnudado pode provocar diversas opiniões, tudo depende da forma e da mensagem silenciosa que a acompanha. Olhar para um David estimula o centro da beleza e desencadeia reações capazes de produzir prazer, tranquilidade e alegria, o mesmo posso dizer do "Nascimento de Vénus"  de Boticelli, ou de muitas outras obras de arte em que o elogio do corpo humano é feito numa plenitude difícil de igualar. O belo, sempre o belo e até mesmo o não respeito pelas elegantes proporções físicas, resultantes da idade e da deformação, quer a de nascença ou a adquirida, pode provocar sensações difíceis de igualar, que só a nudez pode oferecer.
A nudez quando apresentada sob estas formas contribui para o bem-estar e felicidade dos seres humanos. Não há que ter vergonha, nem deve ser objeto de comportamentos depreciativos. O mesmo não se pode dizer do aproveitamento e exploração do corpo humano para fins menos confessáveis, tais como certas formas de publicidade ou apelos a pseudo erotismo.
Li que a tenista Radwanska foi excluída de movimento católico por posar nua para uma revista. Vi, apenas, a foto da capa, não sei se haverá mais, mas, pelo que me foi dado a ver, não vislumbrei nenhum sinal que pudesse ser considerado como ofensivo da "moral e dos bons costumes". Uma bela jovem. Se fosse esculpida em mármore ou pintada numa tela seria recordada, muito provavelmente, como uma obra de arte.
A beleza física não ofende, pelo contrário, desde que a mensagem silenciosa que lhe é inerente se preste a estimular o nosso sentido estético. O que ofende é o preconceito e a noção de "sujidade" de alguns perante o belo.

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